Vote Em Nós

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Juliana Ribeiro e Didá no pelourinho na Bahia.


Banda Didá e Juliana Ribeiro no PelourinhoLargo Tereza Batista, Pelourinho, Centro Histórico.
Preço: R$ 5

Data: 28/05/2010, sex, 21h

A cantora Juliana Ribeiro divide o palco com a Banda Didá no dia 28 de maio, sexta-feira. Essa é uma ação do projeto Vem pra Didá, Vem pro Pelô, que acontece toda semana no Largo Tereza Batista, no Centro Histórico. Juliana Ribeiro vem se destacando na cena musical soteropolitana em virtude do resgate histórico de ritmos como o lundu, batuque, maxixes, sembas angolanos e samba-de-umbigada.
Fonte:
http://guiadoocio.com/musica/banda-dida-e-juliana-ribeiro-no-pelourinho

terça-feira, 25 de maio de 2010

Omni e outros na câmara técnica do comitê estadual para defesa de LGBTs

EDITAL DE HABILITAÇÃO DAS ENTIDADES DA SOCIEDADE CIVIL PARA O PROCESSO ELEITORAL DO COMITÊ ESTADUAL DE PROMOÇÃO DA CIDADANIA E DIREITOS HUMANOS DE LÉSBICAS, GAYS, BISSEXUAIS, TRAVESTIS E TRANSEXUAIS – COMITÊ LGBT.

A Comissão Especial, instituída pela Portaria nº 256, de 20 de abril de 2010, para receber, examinar, analisar a habilitação, julgar os documentos e procedimentos relativos à seleção de Entidades, Grupos ou Fóruns representantes da sociedade civil para integrar o Comitê Estadual de Promoção da Cidadania e Direitos Humanos de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais – Comitê LGBT no biênio 2010-2012,
RESOLVE:
Art. 1º – São consideradas habilitadas para participar da eleição do Comitê LGBT, no biênio 2010- 2012, as entidades, grupos ou fóruns da sociedade civil indicadas na tabela anexa.
Art. 2º – As entidades, grupos ou fóruns habilitadas ou inabilitadas poderão ter vistas dos processos de julgamento da comissão eleitoral na sede da Superintendência de Apoio e Defesa aos Direitos Humanos, para os devidos fins, facultada a extração de cópia xerográfica, às próprias expensas.
Art. 3º – Os recursos podem ser apresentados entre os dias 26 e 28 de maio de 2010.

Salvador, 21 de maio de 2010.

Maria Aparecida Lemos Tripodi
Presidente da Comissão

Fabiana da Cruz Mattos
Membro

Jorge Luiz Lessa Lima
Membro


ANEXO

HABILITAÇÃO


Nome
Categoria
Decisão

01
Coletivo Kiu!
01 – Defesa dos Direitos LGBT na Capital
Deferido

02
Grupo OMNI Para Tod@s e Todos
02 - Defesa dos Direitos LGBT no Interior
Deferido

03
GLICH Grupo Liberdade Igualdade e Cidadania Homossexual
02 - Defesa dos Direitos LGBT no Interior
Deferido

04
Grupo Humanus
02 - Defesa dos Direitos LGBT no Interior
Deferido

05
Atras – Associação das Travestis de Salvador
04 – Defesa dos Direitos de Travestis e Transexuais
Deferido

06
Beco das Cores Educação Cultura e Cidadania LGBT
01 – Defesa dos Direitos LGBT na Capital
Deferido

07
Grupo Gay da Bahia - GGB
01 – Defesa dos Direitos LGBT na Capital
Deferido

08
Grupo Quimbanda Dudu
01 – Defesa dos Direitos LGBT na Capital
Deferido

09
RNAF LGBT’s
01 – Defesa dos Direitos LGBT na Capital
Deferido

10
LesBiBahia
03 – Defesa dos Direitos de Lésbicas e Bissexuais
Deferido

11
Adamor – Associação em Defesa do Amor
02 - Defesa dos Direitos LGBT no Interior
Deferido

12
OCH – Organização de Combate à Homofobia
02 - Defesa dos Direitos LGBT no Interior
Indeferido

13
NUGSEX – Núcleo de Estudos em Gênero e Sexualidade Diadorim
Indeferido

14
Grupo Gay de Lauro de Freitas
Indeferido




segunda-feira, 17 de maio de 2010

Bancários de SP promovem ato no dia contra homofobia


Cruzeiro On Line

Os bancários de São Paulo promovem hoje um ato para marcar o Dia Mundial contra a Homofobia. A concentração ocorrerá na Praça do Patriarca a partir do meio-dia, segundo o sindicato dos Bancários da capital paulista, Osasco e Região. A atividade vai intensificar também a luta para que o Congresso aprove o projeto que torna crime a homofobia e propagar a realização da primeira marcha LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transsexuais) que será realizada na Esplanada do Ministérios, em Brasília, na quarta-feira.


Os participantes do ato usarão uma camiseta com os dizeres "Cuide bem do seu amor, seja quem for" e "A intolerância é uma doença!". A população vai receber uma cartilha LGBT elaborada pela Central Única dos Trabalhadores (CUT). Com o título "Conhecer, Entender e Respeitar Sim...Discriminar Não", o material tem caráter didático e apresenta textos sobre orientação sexual, preconceito, além de retratar a luta do movimento dentro do ambiente sindical. (AE)


Fonte: www.cruzeiroonline.com.br


domingo, 16 de maio de 2010

Partido da Mulher Brasileira na Bahia por Rose Rozendo.

Sex, 14 de Maio de 2010 14:31

Por João Eça

O Partido da Mulher Brasileira (PMB) está a poucos passos de ingressar de maneira absoluta na vida política brasileira. Fundado em 2005, o partido se encontra na fase final de captação de assinaturas de apoiamento, em todos os Estados brasileiros. Esta assinatura é o mecanismo pelo qual a sociedade brasileira diz sim a criação de uma legenda política. Somente após esta validação é que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) autorizará o PMB a concorrer nas eleições. Na Bahia, a luta pela consolidação do Partido da Mulher Brasileira é comandada por Rose Rozendo, presidente da comissão provisória da sigla. Nesta entrevista ao Teia de Notícias, Rose fala sobre o partido e pede o apoio da população brasileira. Natural do município de Taperoá e formada em contablidade, ela começou a sua luta no Coletivo de Mulheres do Calafate, há 17 anos, e desde então vem lutando pelos direitos do público feminino. Em 2008, Rose chefiou o gabinete da Superintendência de Políticas para Mulheres da prefeitura de Salvador.


Teia de Notícias: O que é o PMB?

Rose Rozendo: É o Partido da Mulher Brasileira, que surgiu em 2005. E por que fundar um partido da mulher? Em primeiro lugar, nós somos 53% das eleitoras, mas somos menos de 10% nas Câmaras Legislativas de todo o Brasil. Começamos a pensar em como inserir mais mulheres neste espaço de poder que é a Assembleia Legislativa. Começamos a perceber que os partidos não cumpriam as cotas mínimas de 30% de candidatas mulheres. Simplesmente, o que ocorria era que os partidos colocavam uma ou duas mulheres, para cumprir a cota, ou então colocavam “laranjas”, mulheres sem nenhuma legitimidade. Além do mais, muitos dos partidos não contribuem financeiramente com nenhuma destas meninas. As mulheres concorriam ao pleito, mas não tinham nenhuma condição de deslanchar na campanha.

TN: Quais os objetivos do PMB?

RR: O objetivo principal é aumentar o número de mulheres nas Câmaras Legislativas.

TN: O PMB já é um partido de fato? Já pode concorrer nas eleições?

RR: Já é um partido, autorizado pelo Supremo Tribunal Eleitoral (TSE). Mas não é um partido que já tenha condições de entrar no pleito porque nós estamos em um processo de coleta de assinaturas.

TN: Como é este processo?

RR: O TSE é a instituição que autoriza a criação dos partidos no Brasil. Desde que demos entrada no processo para a criação em 2005 e esta etapa terminou em 2009. A partir de 2009, passamos para a fase de coleta de assinaturas. Temos de conseguir 0,5 do total de votantes em cada Estado para constituir os diretórios. Na Bahia, nós precisamos de aproximadamente 33 mil assinaturas de apoiamento. Começamos aqui no mês de março, visitando comunidades, escolas, faculdades, associações. O TSE autoriza a criação do partido, mas quem valida é a sociedade brasileira. Nós precisamos da ficha de apoiamento para que a sociedade brasileira diga que é viável ter um partido deste no país. Após as assinaturas, nós solicitamos aos tribunais regionais eleitorais uma certidão e aí sim o partido estará de fato constituído.

TN: Como está a aceitação dos baianos ao PMB?

RR: A aceitação está muito boa. Nós temos muitas pessoas que nunca pensaram em ser filiados a partido, como eu. Eu milito no movimento de mulheres há 17 anos, sou feminista, faço o feminismo que nós chamamos de feminismo negro. Eu sempre fiz uma linha mais de esquerda, mas nunca me filiei a partido nenhum. Eu sempre disse que o meu único partido era o partido das mulheres. Um determinado dia, eu conversando com uma amiga minha, a gente falou: “Vamos fundar um partido?” Iríamos colocar exatamente o mesmo nome, Partido da Mulher Brasileira. Uma semana depois, essa amiga me mandou um e-mail dizendo que já existia um partido político da mulher brasileira. Fizemos contato com as meninas do Rio de Janeiro e eu resolvi abraçar a luta.

TN: Como a população pode fazer para assinar a ficha de apoiamento necessária à consolidação do PMB?

RR: No nosso site tem a ficha de apoiamento (clique aqui e acesse a ficha). Quem tiver dificuldade, é só mandar um e-mail para mim que eu envio a ficha e também vou buscá-la, depois de preenchida. Ainda não temos sede fixa. Os nossos telefones de contato são (71)9946-5117 ou 3234-5631. E os e-mails são bahia@pmb.org.br Este endereço de e-mail está protegido contra spambots. Você deve habilitar o JavaScript para visualizá-lo. ou roserozendo@gmail.com Este endereço de e-mail está protegido contra spambots. Você deve habilitar o JavaScript para visualizá-lo. . No dia 22 de maio, estaremos recolhendo assinaturas lá no evento Ação Global, que será realizado no Parque de Exposições, em Salvador.

TN: O PMB vai ser mesmo diferente ou vai ser mais um partido para a população brasileira desacreditar?

RR: Nós podemos fazer diferente, a gente pode aumentar a credibilidade do parlamentar, da vida pública e política. A gente sabe que a sociedade já está muito descrente diante de tantos escândalos e corrupções. Se a gente for fazer uma análise, o índice de mulheres nestas corrupções é quase zero. Ou a gente enfia o pé na porta ou ninguém vai abrir a porta pra gente. Quem está no poder não quer sair.

TN: Quando o PMB poderá concorrer nas eleições?


RR: A nossa meta é que agora em 2010 nós já estejamos com o número do partido. E em 2011 começaremos a estudar quem seriam as possíveis candidatas. Eu pretendo realizar junto com o diretório da Bahia dois anos de formação e capacitação. Porque a gente sabe que não basta somente nascer mulher, como não basta só nascer homem, temos que construir mulheres e homens sensíveis às questões sociais, de gênero, de etnia.

TN: Quantas assinaturas de apoio o PMB já conseguiu na Bahia?

RR: Não temos ainda este levantamento. No Rio de Janeiro já tem mais de 50%, em São Paulo também. Como o PMB começou no sul, elas estão bem a frente do Nordeste.

TN: Já que vocês não vão concorrer nas eleições 2010, já decidiram se irão apoiar algum candidato ou partido?

RR: Nós estamos com uma campanha aqui na Bahia, a mesma da Secretaria de Políticas para Mulheres, para lutar por mais mulheres no poder. A proposta é divulgar e disseminar nas comunidades a proposta de votar em mulheres. A gente vai elencar as mulheres que estão na disputa e dar um leque de opções para a população votar. O período eleitoral será um momento de divulgação do partido e abraçar todos os homens e mulheres que querem participar do partido.

TN: E na campanha presidencial, o PMB tem alguma preferência, ou por Dilma Roussef (PT) ou por Marina Silva (PV)?

RR: Por enquanto, não temos um consenso sobre quem iremos apoiar. Fico feliz pois temos como candidatas duas mulheres fortes, com muita personalidade.

TN: As ideias de Dilma e Marina estão de acordo com o pensamento do PMB? Elas poderiam ser candidatas pelo partido?

RR: Sim, mas com a Marina Silva teríamos que acertar algumas coisas antes. (risos)

TN: Os homens podem se filiar ao partido?


RR: Sim. O PMB será composto por 70% de mulheres e 30% de homens. A gente precisa também trazer companheiros sensíveis à causa. Não somos um partido sexista. Lutamos pela igualdade dos gêneros.

TN: Aqui na Bahia, não tem nenhuma mulher concorrendo ao governo do Estado. O PMB local tem preferência por algum candidato?

RR: Como a gente não tem necessariamente obrigatoriedade de fazer nenhuma coligação agora, vamos nos permanecer neutros e a militância está liberada para que faça a sua melhor escolha.

TN: Quais as principais bandeiras de luta das mulheres pelas quais o PMB irá lutar?

RR: Nós precisamos de igualdade no mundo do trabalho, precisamos reduzir o índice de violência conta a mulher. Recentemente, uma adolescente de 14 anos foi assassinada pelo namorado que não aceitou o rompimento do relacionamento. As mulheres estão morrendo cada vez mais cedo. Nós temos de lutar por mais escolaridade. Tem muitas mulheres que dependem economicamente dos homens e se submetem a processos de violência, humilhações. Outra coisa que vamos trabalhar é a identidade étnico- racial, porque se já é difícil para uma mulher, é ainda mais se esta mulher for negra.

TN: Você citou o caso da adolescente assassinada pelo namorado. Onde está o erro no combate a violência contra as mulheres?

RR: Falta tudo. Faltam delegacias especializadas, nós só temos uma Vara para os casos de violência contra a mulher. Falta também a reeducação do agressor. Homem nenhum nasce agressor. Ele se torna agressor. Ele precisa desaprender a ser agressor. Passar por um processo de reeducação. Pelo processo de construção social, o homem acha que a mulher é posse dele, e quer exercer poder de mando.

TN: Os problemas enfrentados pelas mulheres baianas são iguais aos dos outros Estados ou aqui tem algum problema que é específico da gente?

RR: O problema incomum aqui na Bahia é a questão racial. As mulheres negras baianas sofrem mais, é um aspecto enraizado da cultura que precisa mudar.

TN: Em relação ao tema aborto (a legalização ou não), qual é a posição do PMB?


RR: Não temos esta discussão ainda em nível nacional. Particularmente, eu acredito que temos um Estado laico, que não é o mandatário absoluto do poder. Quem tem o direito de decidir é o cidadão, o Estado tem de dar a opção de escolha. Inicialmente, precisamos garantir a seguridade dos abortos legais, nos casos de estupro, riscos de vida a mãe, entre outros. Nestes casos, as mulheres ainda precisam de autorização judicial. O ideal é que, nos casos de estupro, por exemplo, se ela está com o boletim de ocorrência, deveria ser encaminhada pra uma rede de atendimento de saúde. Hoje temos atendimento no Iperba, mas ainda é muito insignificante. A principal causa de morte materna em Salvador atualmente é por abortamento. É uma questão de exclusão social. Se a gente tem um grande incide de mortalidade por abortamento, quem é que está morrendo? A gente está exterminando as mulheres negras. Elas fazem aborto em clinicas fundo de quintal e quando chegam à maternidade alguns profissionais de saúde deixam elas por ultimo na fila, tratam de forma desumanizada. Isto resulta em muitas mortes.

TN: Já no caso das mulheres que têm relativa condição financeira...

RR: A mulher branca, que mora aqui na Barra, que engravidou do colega do colégio, que está no terceiro ano, que vai fazer vestibular para medicina, ela entra em uma clínica, aborta e ninguém vai saber. Os projetos de legalização do aborto e de realização do plebiscito para que a sociedade opine e decida tramitam há anos no Congresso Nacional e nunca são votados.

TN: Não teme que o PMB seja um partido monotemático, não consiga muitos votos e receba as mesmas críticas feitas a Cristóvão Buarque por causa da educação e a Marina Silva, pela defesa do meio ambiente?

RR: O PMB não é mono. Quando a gente fala na luta da mulheres a gente não pode esquecer que ela é uma cidadã, uma mãe. Aí vem varias lutas: se é mãe precisa de creches, igualdade de direitos, e assim por diante. Temos cinco eixos de atuação, envolvendo várias as linhas de políticas públicas.



Fonte:http://www.teiadenoticias.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=1594:partido-da-mulher-brasileira&catid=2:entrevista&Itemid=9

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Ainda somos escravas. Abolição para quem cara pálida?



Um dia após a libertação de todos os escravos e escravas, éramos todos fugitivos ou ladrões. Criminosos em fuga, fugindo do peso da sua própria liberdade. Mais de cento e vinte anos depois, continuamos configuradamente a margem dessa sociedade que foi um dos paises que derradeiramente "libertou" o povo que o construiu.

E que liberdade! Assistimos embasbacadamente o noticiário na tv, percebemos o retorno aos primórdios. Uma loucura massiva em busca do poder pelo poder, homens e mulheres se misturam reproduzindo modelos que combatem, usando as mesmas armas que as segregam, as mulheres estão na via da "malandragem" condicionada pelo seu algoz de anos. Atuando como eles, errando como eles, mas os apontando com uma capacidade hipócrita, digna dos facistas.

Onde e em que essas mulheres diferem dos machistas? Ou de fato somos produtos do meio? Como podemos querer melhorias no mundo se damos continuidade as ações e práticas desses homens? E já que estamos na competição, na luta por igualdade, quais armas devemos usar?

Devemos ser sonhadoras? Sensiveis, mães, meigas? Arrojadas, determinadas, atuantes e maravilhosas loucas mulheres atemporais? Onde começa a "nossa loucura" onde termina a sanidade de quem desconhece o propósito?

Onde acertamos, e onde erramos. Não será necessário mais de cento e vinte anos para perceber, atualmente na velocidade do dial, mesmo com ela, sobrepoe-se a vontade dessa correria um acerto coletivo, de melhora, de avanço, de dignidade, de resgate de valores, dos bons valores, daquele que não segrega nem exclui. Sem falar em grandes pensadores, nem nos intelectuais que ajudaram a construir esse e outros séculos, sem ressaltar grandes personalidades, vamos lutando ardua e desigualmente por um espaço sociopolitico, vamos juntas ou separadas continuar em busca do nosso alvo, e mesmo sem saber para onde iremos, o que não pode acontecer é que nos percamos no meio do caminho.

E como fã ardorosa da música brasileira não posso deixar de colocar uma da música de Ivan Lins que descreve o momento atual, e vamos não separadas, mas juntas coibir o patrulhamento ideológico:


Daquilo que eu Sei
Ivan Lins

Daquilo que eu sei
Nem tudo me deu clareza
Nem tudo foi permitido
Nem tudo me deu certeza...

Daquilo que eu sei
Nem tudo foi proibido
Nem tudo me foi possível
Nem tudo foi concebido...

Não fechei os olhos
Não tapei os ouvidos
Cheirei, toquei, provei
Ah Eu!
Usei todos os sentidos
Só não lavei as mãos



E é por isso que eu me sinto
Cada vez mais limpo!
Cada vez mais limpo!
Cada vez mais limpo!

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Mobilização virtual consegue pré aprovar ficha limpa.



A Câmara dos Deputados aprovou a Ficha Limpa! Esta é uma vitória incrível para nós e todos os brasileiros. Obrigado a todos que ajudaram a fazer este grande dia se materializar!

Quando a Ficha Limpa foi apresentada, muitos acreditavam que ela nunca iria passar. Até o presidente da Câmara, Michel Temer, disse diversas vezes que não acreditava que existia apoio político o suficiente para aprovar o projeto de lei.

No entanto, eles não esperavam a maior campanha online na história do Brasil. Com milhões de assinaturas, milhares de mensagens enviadas e de ligações feitas - nós tornamos o impossível possível, tomando controle de nossa democracia. Nós trouxemos de volta o poder político para as mãos da população.

E só estamos começando. Meio milhão de brasileiros estão recebendo este alerta. Juntos podemos nos tornar uma grande força para gerar mudanças políticas e sociais em nosso país e no mundo. Clique no link abaixo para participar de um chat ao vivo e parabenizar outros membros desta comunidade incrível, além de compartilhar idéias do que devemos fazer no futuro:

http://www.avaaz.org/po/vitoria_ficha_limpa/?vl

A Ficha Limpa ainda não é lei. Ela ainda precisa passar pelo senado e depois receber a sanção presidencial- talvez vamos precisar agir novamente nas próximas semanas, mantendo a pressão para garantir que a Ficha Limpa não seja enfraquecida ou mudada.

Mais de 550.000 pessoas se mobilizaram através da Avaaz. Nós nos tornamos a maior rede virtual de engajamento político na história do Brasil, e parte do maior movimento global online do mundo.

Nós vimos que trabalhando junto nosso poder é fenomenal - juntos nós podemos começar a construir o Brasil, e o mundo, com que sonhamos. Clique aqui para se juntar ao chat ao vivo e conhecer essa comunidade incrível, que fez o Ficha Limpa acontecer:

http://www.avaaz.org/po/vitoria_ficha_limpa/?vl

Com um profundo agradecimentos e grande entusiasmo com o que podemos conquistar,

Graziela, Ricken, Alice, Pascal, Luis, Iain, Milena e toda a equipe Avaaz

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Fortaleza tem programação institucional para combate a homofobia.

Fortaleza realiza programação de combate à Homofobia

Numa tentativa de discutir alternativas contra a homofobia (discriminação, aversão, ódio e diferentes formas de violências contra homossexuais) , a Secretaria de Direitos Humanos de Fortaleza, em parceria com outras secretarias e com o movimento social LGBTT, preparou uma extensa programação alusiva ao dia 17 de Maio. Data onde é celebrado o Dia Mundial de Combate à Homofobia. Estão previstos seminários, rodas de conversa, oficinas sobre violência contra as mulheres, audiência pública, encontro com gestores municipais, dentre outras atividades em vários pontos da cidade.

Pelo quinto ano consecutivo a programação tem o objetivo de promover um amplo debate acerca da violência sofrida pela população LGBT, ocorrida nos diversos espaços públicos e privados de Fortaleza e sensibilizar a sociedade e o poder público para o respeito aos direitos desta população.

No dia 17 de maio de 1993, a Organização Mundial de Saúde (OMS) retirou a homossexualidade do rol de doenças. Com isso, o movimento de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais (LGBT) passou a considerar essa data como o Dia Mundial de Combate a esta violência.

Programação:

DATA

ATIVIDADE




14/05

Café-debate: Prefeitura de Fortaleza, Câmara dos Vereadores e Movimento LGBT no combate à homofobia
Local: Câmara Municipal de Fortaleza
Horário: 9h às 12h
Realização: SDH/CDS
Parcerias: Câmara Municipal/Movimento LGBT de Fortaleza


14/05

Diálogos na comunidade: a importância da cultura LGBT
Local: Instituto Paulino Rocha - Espaço EcaYame (Rua Letícia 100-Messejana)
Realização: SDH/CDS
Parceria: Organizadores do Miss Gay Messejana


17/05

Audiência Pública - Segurança Pública e o Combate à Homofobia em Fortaleza
Local: Secretaria de Segurança Pública do Estado do Ceará
Horário: 9h
Realização: SDH/CDS e Guarda Municipal de Fortaleza
Parceria: Secretaria de Segurança Pública do Estado e Movimento LGBT


18/05

Seminário Mundo do trabalho e a população LGBT
LOcal: SESC (Av. Duque de Caxias)
Horário: 13h30 às 18h
Realização: SDH / CDS
Parcerias: Secretaria Desenvolvimento Econômico e SESC



19/05

Seminário Homofobia, Direitos Humanos e Assistência Social
Local: Auditório da SEMAS
Horário: 08h30 às 17h
Realização: SEMAS / Proteção Social Especial e SDH/CDS

20/05

Oficina Relação Entre Iguais: do Amor à Violência
Local: Centro de Referência da Mulher (Rua Gevázio de Castro, 53 Benfica Próximo ao Colégio Zenite)
Horário: 13h30 às 17h30
Realização: SDH/CDS e Centro de Referência da Mulher (CRM)


21/05

Seminário "Profissionais da Saúde na Luta Contra Homofobia "
Local: Auditório da SER III
Horário: 8h30
Realização: Distrito de Saúde da SER III
Parcerias: SDH/CDS, Coordenação Municipal de DST/AIDS, GT Saúde da população LGBT


25/05

I Encontro de Gestores Municipais de Educação - Discutindo a Homofobia na Escola
Local: a definir
Horário: 13h às 18h
Realização: Secretaria Municipal de Educação (SME) e Secretaria de Direitos Humanos (SDH)/ Coordenadoria de Diversidade Sexual

29/05

Encerramento das Atividades do Mês de Combate à Homofobia. Participação da Miss Gay Messejana.
Local: Instituto Paulino Rocha- Espaço EcaYame (Rua Letícia 100-Messejana)
Horário: 22h


Assessoria de Comunicação da Secretaria de Direitos Humanos de Fortaleza (3131-1698)

www.fortaleza.ce.gov.br/sdh

Mônica Mourão (8814-8091)
Thiago Mendes (8885-3818)
Roberta França (8802-6467)


terça-feira, 11 de maio de 2010

Cantares do sem nome e de partidas. Hilda Hirst

Cantares do sem nome e de partidas
Hilda Hirst


I

Que este amor não me cegue nem me siga.
E de mim mesma nunca se aperceba.
Que me exclua do estar sendo perseguida
E do tormento
De só por ele me saber estar sendo.
Que o olhar não se perca nas tulipas
Pois formas tão perfeitas de beleza
Vêm do fulgor das trevas.
E o meu Senhor habita o rutilante escuro
De um suposto de heras em alto muro.

Que este amor só me faça descontente
E farta de fadigas. E de fragilidades tantas
Eu me faça pequena. E diminuta e tenra
Como só soem ser aranhas e formigas.

Que este amor só me veja de partida.

II

E só me veja


No não merecimento das conquistas.
De pé. Nas plataformas, nas escadas
Ou através de umas janelas baças:
Uma mulher no trem: perfil desabitado de carícias.
E só me veja no não merecimento e interdita:
Papéis, valises, tomos, sobretudos

Eu-alguém travestida de luto. (E um olhar
de púrpura e desgosto, vendo através de mim
navios e dorsos).

Dorsos de luz de águas mais profundas. Peixes.
Mas sobre mim, intensas, ilhargas juvenis
Machucadas de gozo.

E que jamais perceba o rocio da chama:
Este molhado fulgor sobre o meu rosto.


III

Isso de mim que anseia despedida
(Para perpetuar o que está sendo)
Não tem nome de amor. Nem é celeste
Ou terreno. Isso de mim é marulhoso
E tenro. Dançarino também. Isso de mim
É novo: Como quem come o que nada contém.
A impossível oquidão de um ovo.
Como se um tigre
Reversivo,
Veemente de seu avesso
Cantasse mansamente.

Não tem nome de amor. Nem se parece a mim.
Como pode ser isto? Ser tenro, marulhoso
Dançarino e novo, ter nome de ninguém
E preferir ausência e desconforto
Para guardar no eterno o coração do outro.

VII

Rios de rumor: meu peito te dizendo adeus.
Aldeia é o que sou. Aldeã de conceitos
Porque me fiz tanto de ressentimentos
Que o melhor é partir. E te mandar escritos.
Rios de rumor no peito: que te viram subir
A colina de alfafas, sem éguas e sem cabras
Mas com a mulher, aquela,
Que sempre diante dela me soube tão pequena.
Sabenças? Esqueci-as. Livros? Perdi-os.
Perdi-me tanto em ti
Que quando estou contigo não sou vista
E quando estás comigo vêem aquela.


VIII

Aquela que não te pertence por mais queira
(Porque ser pertencente
É entregar a alma a uma Cara, a de áspide
Escura e clara, negra e transparente), Ai!
Saber-se pertencente é ter mais nada.
É ter tudo também.
É como ter o rio, aquele que deságua
Nas infinitas águas de um sem-fim de ninguéns.
Aquela que não te pertence não tem corpo.
Porque corpo é um conceito suposto de matéria
E finito. E aquela é luz. E etérea.

Pertencente é não ter rosto. É ser amante
De um Outro que nem nome tem. Não é Deus nem Satã.
Não tem ilharga ou osso. Fende sem ofender.
É vida e ferida ao mesmo tempo, “ESSE”
Que bem me sabe inteira pertencida.


IX

Ilharga, osso, algumas vezes é tudo o que se tem.
Pensas de carne a ilha, e majestoso o osso.
E pensas maravilha quando pensas anca
Quando pensas virilha pensas gozo.
Mas tudo mais falece quando pensas tardança
E te despedes.
E quando pensas breve
Teu balbucio trêmulo, teu texto-desengano
Que te espia, e espia o pouco tempo te rondando a ilha.
E quando pensas VIDA QUE ESMORECE. E retomas
Luta, ascese, e as mós do tempo vão triturando
Tua esmaltada garganta... Mas assim mesmo
Canta! Ainda que se desfaçam ilhargas, trilhas...
Canta o começo e o fim. Como se fosse verdade
A esperança.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Mãe surrava filha e a abandonou aos 13 anos, depois tenta processar essa filha

Autobiografia fala de uma história sem amor e sem carinho

Aos 11 anos, a inglesa Constance Briscoe procurou o Serviço Social, sozinha, e suplicou por ajuda para sair de casa. Ela não aguentava mais apanhar todos os dias da mãe, ficar longos períodos sem comer, ser humilhada e xingada constantemente.

Depois de receber um "não" dos funcionários, que não podiam registrar as reclamações da garota sem a autorização de parentes, ela decidiu se matar: bebeu alvejante com água. "Escolhi a marca Domestos porque ela mata todos os germes conhecidos e a minha mãe vivia dizendo que eu era um germe." Mas Constance não morreu.


Na autobiografia "Feia: A História Real de uma Infância sem Amor" (Bertrand Brasil, 2009), que chegou ao primeiro lugar nas principais listas britânicas de mais vendidos, a autora deixa o leitor atordoado com as descrições das surras e da total falta de amor de sua mãe. "Ela me dava tapas no rosto quando eu fazia bagunça e me beliscava no peito quando eu estava perto o bastante dela", diz um trecho do livro, que antecede um desabafo: "Eu nunca soube por que a minha mãe queria filhos. Nem uma só vez eu pensei que ela gostasse de mim ou dos meus irmãos e irmãs."

Essa violência física e emocional dentro de casa fez com que Constance desenvolvesse caroços nos seios --uma situação médica rara para uma criança-- e perdesse os cabelos. Aos 13 anos, foi abandonada em casa, sem gás, luz e comida, e chegou a trabalhar em três lugares diferentes para conseguir se manter viva (a mãe também cobrava "aluguel" pela permanência da filha no local).

Além de viver em meio a socos e gritos de "imbecil de merda" e "vagabunda safada", ela também cresceu ouvindo insultos em relação a sua aparência:

"- Jesus amado, eu que pus isso no mundo? - Ela olhava para a fotografia e para mim. - Deus meu, meu bom Deus, como é que ela pode ser tão feia? Feia. Feia. Se eu não tivesse posto ela no mundo, jurava que ela era de mentira. Jesus, amor e gratidão, por que me deste este leitão? Olha esse nariz. Onde que você arranjou esse nariz? De mim que não foi - disse a minha mãe, respondendo à sua própria pergunta. - Se eu tivesse um nariz assim, cortava metade fora e guardava o resto."

Mas, apesar de ser angustiante e perturbador, o relato comovente de Constance Briscoe serve para ressaltar, também, sua capacidade de superação. Mesmo com todas as dificuldades, que pareciam insuperáveis, ela seguiu seu sonho, sozinha, e passou na universidade. Atualmente, Constance trabalha como advogada e, em 1996, tornou-se juíza.

Abaixo, leia um trecho que retrata a agonia da garota em não conseguir parar de fazer xixi na cama, e a consequente violência da mãe em tentar evitar o "problema".


O modo como ela tratava as minhas irmãs era certamente muito diferente de como me tratava. Elas não ouviam as palavras grosseiras que eu ouvia, não ganhavam beliscões nos mamilos e não eram surradas ou socadas. Elas ganhavam vestidos novos, e eu só ficava com as sobras: vestidos de terceira mão que vinham de Pauline e Patsy. A minha mãe tinha pilhas e pilhas de vestidos velhos, entulhados em sacos plásticos, prontos a serem repassados para mim. Eu nunca era a primeira a abrir os sacos e provar um vestido.


A minha mãe jogava um vestido para mim e dizia: - Olha, Clear, prova esse e vê se serve. - Nunca servia, mas eu acabaria crescendo. A minha mãe tinha muitos vestidos bonitos só para ela - vestidos com estampas coloridas, particularmente rosa. Ela tinha vestidos belíssimos para todo tipo de ocasião. Eu me lembro de me esconder no guarda-roupa dela e observá-la trocando o cardigã que ela normalmente usava em casa pelo vestido rosa pálido que era o seu favorito. Eu também queria vestidos bonitos, mas era feia demais para usar qualquer coisa que não fossem as sobras das minhas irmãs.

Durante um certo período, a forma como a minha mãe me tratava me deixou muito nervosa. Eu fazia xixi na cama desde que me conhecia por gente. Isso enfurecia a minha mãe e era a causa da maioria das surras que eu levava. Quando tinha uns cinco anos, eu fui levada, por indicação do médico da família, a um especialista em enurese noturna. Eu fui a montes, montes de consultas com a minha mãe para descobrir a causa do problema. Lembro que eu tinha uma camisola muito boa de algodão escovado que ia até os tornozelos. Quando ia dormir, me enroscava inteira e puxava as pernas para o peito. Ao mesmo tempo, enfiava a camisola embaixo dos tornozelos.

Sempre dormia de lado. Uma noite, acordei em um breu absoluto e me senti como se estivesse me afogando. Eu estava empapada de debaixo do pescoço até os tornozelos. O meu travesseiro e o meu cobertor também estavam encharcados. Eu tivera um tremendo incidente duplo durante a noite. Fora o começo de tudo. Por causa desse meu problema, às vezes era castigada e ia dormir em uma cama só com o colchão - sem lençóis, só uma cobertura plástica - porque a minha mãe dizia que eu ia mesmo molhar a cama, então não fazia diferença. Ela ganhou diversos livros sobre enurese e treinamento para a bexiga. Com cinco anos de idade, ganhei o meu primeiro sistema de alarme. Era, aparentemente, uma forma de tratamento extremamente bem-sucedida. Vinha com uma campainha especialmente projetada para crianças, que era posta ao lado da cama, junto com um sensor no formato de esteira, que ficava sob o lençol de baixo. A campainha tocava quando eu tinha um incidente; supostamente ela deveria me fazer despertar ou "segurar" a urina. Gradualmente, eu deveria aprender a acordar e/ou me "segurar" com a sensação da bexiga cheia, sem o alarme.

O alarme "para crianças" soava como um carro de bombeiro a caminho de um chamado de emergência. Na primeira vez que ele disparou, saltei da cama e corri para debaixo dela. Estava aterrorizada com a ideia de que a minha cama estivesse em chamas. A minha mãe entrou correndo no quarto e percebeu que eu não estava lá. Ela pensou que eu tivesse corrido para o banheiro. Quem dera. Ela desligou a campainha, puxou o lençol de cima, separando-o do de baixo, e voltou para o quarto dela. Eu saí de debaixo da cama, vagamente consciente de onde estava. Mesmo quando pequena, eu tinha certeza de que o meu problema com a enurese não se devia à preguiça. O médico disse que a causa podia provir das angústias da minha vida. Ele disse que, com este alarme, eu estaria curada dentro de quatro a seis meses. Mas o meu problema foi ficando cada vez pior e a minha mãe me levou a vários especialistas. Recebi um aparato de alarme de primeira qualidade, com uma campainha sonora com dois tons e luzes que piscavam, que supostamente me ajudariam ao me alertar antes de a cama ficar molhada demais. Na maioria das vezes eu passava por tudo isso sem acordar. Nada que a minha mãe fazia ajudava.

No começo eu dormia com a roupa de cama e uma camisola velha da minha irmã Pauline, mas, quando o problema se agravou mesmo, a minha mãe insistiu para que eu dormisse sem qualquer peça de roupa. E era assim que, na maioria das noites, eu dormia, só de calcinha. O meu problema com o xixi na cama continuou e, portanto, a minha mãe acabou adotando uma nova política: ela começou a vir ao meu quarto logo antes da hora de dormir para me dar uma surra, para me lembrar do que iria acontecer se eu molhasse a cama. Ela esperava até eu estar na cama e aí entrava, arrancava o cobertor, agarrava-me pela barra da calcinha e me tirava da cama. Segurando a gola da minha camisola para evitar que eu fugisse, ela tirava um pé de sapato e me surrava com ele.

- O que é que você vai fazer? - ela perguntava.
- Eu não vou molhar a cama.
- Mentirosa! O que é que você vai fazer?
- Eu vou molhar a cama - eu dizia.
- Isso, bem que eu achava mesmo. Viu? Você é uma mentirosa mesmo!

Ela estapeava a minha cabeça com o sapato e socava o meu peito. E quando eu dizia "Não", ela voltava a me acusar de ser uma mentirosa e me estapeava de novo do lado da cabeça. Ela ficava repetindo a pergunta; eu repetia a resposta e ela batia na minha coxa, nas minhas panturrilhas ou na mão. Eu sempre tentava me proteger estendendo a mão, mas doía mais apanhar na mão que na coxa.As minhas pernas estavam parcialmente protegidas pela camisola e às vezes eu puxava os joelhos e ficava como uma bola. Depois de algumas dessas surras, minha mãe saía com a minha camisola nas mãos, depois de ter arrancado a roupa do meu corpo.

Em outras ocasiões, ela saía com o meu cobertor. Se ela estivesse realmente de mau humor ou se eu a tivesse irritado, ela levava as duas coisas. Minhas irmãs sabiam que se me ajudassem ou se me emprestassem uma camisola também levariam uma surra e então, na maior parte das vezes, elas se faziam de mortas.

Quando completei sete anos, minhas surras ficaram ainda mais regulares. O alarme não conseguia me acordar, mas sempre acordava a minha mãe. Ela entrava no meu quarto como um foguete quando o ouvia tocar e me arrancava da cama. Às vezes, quando ela entrava no meu quarto, tirava a roupa de cama molhada, me dava um tapa vigoroso na bunda desprotegida e depois me deixava nua e tremendo.A minha humilhação era completa. Eu não só era incapaz de evitar molhar a cama como a mera presença da minha mãe e/ou de uma surra na hora de dormir me deixavam tão nervosa que eu às vezes esvaziava a bexiga na frente dela, o que era visto como um ato de provocação. Em outras vezes, eu me forçava a ficar acordada, mas aí, assim que caía no sono, por pura exaustão, não ouvia o alarme e, então, o ciclo continuava.


fonte:

http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u668043.shtml

domingo, 9 de maio de 2010

Tolerancia e respeito são buscas incessantes de LGBTs


UMA TURMA COLORIDA
Paulo, William, Marcus, David, Charles, Akira, Jefferson (de pé, da esq. para a dir.); e Harumi e Daniele (sentadas): eles abriram o jogo para os pais ainda na adolescência
Longe do estereótipo
"Sempre tive atração por meninas, só que morria de vergonha de me aproximar delas e revelar o que sentia. Precisei de alguns anos para aceitar, eu mesma, a ideia. Foi na internet que consegui arranjar a primeira namorada. Quando a coisa ficou séria e eu quis levá-la a minha casa, contei a meus pais, que, como era esperado, sofreram. Meus amigos também já sabem que sou homossexual. No começo, estranharam. Nunca me enquadrei no estereótipo da menina gay, masculinizada, mas não tenho dúvida quanto à minha opção. O melhor: depois de um processo difícil, isso acabou se tornando natural para mim e para todos à
minha volta."
Harumi Nakasone, 20 anos, estudante de artes visuais em Campinas

Apresentar boletim escolar com notas ruins, bater o carro novo da casa, arrumar inimizade com o vizinho já são situações difíceis de enfrentar diante do tribunal familiar, com aquela atemorizante combinação de intimidade com autoridade dos pais. Imagine parar ali diante deles e dizer a frase: "Eu sou gay". Não é fácil para quem fala, menos ainda para quem ouve. As mães se assustam, mas logo o amor materno supera o choque do novo. Os pais demoram mais a metabolizar a novidade. A orientação sexual ainda é e vai ser por muito tempo uma questão complexa e tensa no seio das famílias. Isso muda muito lentamente. O que mudou muito rapidamente, porém, foi a maneira como a homossexualidade é encarada por adolescentes e jovens no Brasil. Declarar-se gay em uma turma ou no colégio de uma grande cidade brasileira deixou de ser uma condenação ao banimento ou às gozações eternas. A rapaziada está imprimindo um alto grau de tolerância a suas relações, a um ponto em que nada é mais feio do que demonstrar preconceito contra pessoas de raças, religiões ou orientações sexuais diferentes das da maioria.




Esses meninos e meninas estão desfrutando uma convivência mais leve justamente em uma fase da vida de muitas incertezas, quando a aceitação pelos pares é decisiva para a saúde emocional e mental. Isso é um avanço notável. Por essa razão talvez, a idade em que um jovem acredita que definiu sua preferência sexual tem caído. Uma pesquisa feita pelas universidades estaduais do Rio de Janeiro (Uerj) e de Campinas (Unicamp) tem os números: aos 18 anos, 95% dos jovens já se declararam gays. A maior parte, aos 16. Na geração exatamente anterior, a revelação pública da homossexua-lidade ocorria em torno dos 21 anos, de acordo com a maior compilação de estudos já feita sobre o assunto. À frente do levantamento, o psicólogo americano Ritch Savin-Williams, autor do livro The New Gay Teenager (O Novo Adolescente Gay), resumiu a VEJA: "O peso de sair do armário já não existe para os jovens gays do Ocidente: tornou-se natural".

Lailson Santos

A mãe torce para que ele ache um bom companheiro
"Aos 16 anos, quando contei à minha mãe que preferia os homens às mulheres, ela ficou possuída de raiva. Eu achava que a notícia não causaria tanta comoção. Não havia aberto o jogo sobre minha sexualidade, mas tinha certeza de que minha mãe já desconfiava. Nunca levava garotas em casa nem falava delas. O dia em que contei tudo, no entanto, foi um divisor de águas para nós dois. A relação ficou muito tensa. É interessante como a coisa, depois, vai sendo assimilada. Ela abandonou o sonho de me ver chefe de uma família tradicional e, no lugar disso, passou a sonhar com um bom companheiro para mim. Isso ainda não aconteceu. Hoje, no entanto, minha vida é ótima. Não escondo das pessoas de que mais gosto o que realmente sou."
Gabriel Taverna, 19 anos, estudante de São Paulo


Os jovens que aparecem nas páginas desta reportagem, que em nenhum instante cogitaram esconder o nome ou o rosto, são o retrato de uma geração para a qual não faz mais sentido enfurnar-se em boates GLS (sigla para gays, lésbicas e simpatizantes) - muito menos juntar-se a organizações de defesa de uma causa que, na realidade, não veem mais como sua. Na última parada gay de São Paulo, a maior do mundo, a esmagadora maioria dos participantes até 18 anos diz estar ali apenas para "se divertir e paquerar" (na faixa dos 30 o objetivo número 1 é "militar"). A questão central é que eles simplesmente deixaram de se entender como um grupo. São, sim, gays, mas essa é apenas uma de suas inúmeras singularidades - e não aquela que os define no mundo, como antes. Explica o sociólogo Carlos Martins: "Os jovens nunca se viram às voltas com tantas identidades. Para eles, ficar reafirmando o rótulo gay não só perdeu a razão de ser como soa antiquado". Ícone desses meninos e meninas, a cantora americana Lady Gaga os fascina justamente por ser "difícil de definir o que ela é". São marcas de uma geração que, não há dúvida, é bem menos dada a estereótipos do que aquela que a precedeu. Diz, com a firmeza típica de seus pares, a estudante paulista Harumi Nakasone, 20 anos: "Nunca fiz o tipo masculino nem quis chocar ninguém com cenas de homossexualidade. Basta que esteja em paz e feliz com a minha opção".

Miriam Fichtner

Não era uma fase
"No início da adolescência, já me sentia atraída por meninas. Aluna de um colégio de freiras, havia crescido ouvindo que o amor entre pessoas do mesmo sexo era algo imperdoável, mas nunca vi a coisa assim. A mim, parecia natural. Aos 14, até tentei namorar um menino. Não funcionou. Um ano depois, quando me apaixonei de verdade por uma garota, resolvi contar a meus pais. Minha mãe repetia: ‘Calma que passa, é uma fase’. A aceitação da ideia é um processo lento, que envolve agressões de todos os lados e decepção. Sei que contrariei o sonho da minha família, de me ver de grinalda e com filhos, mas a melhor coisa que fiz para mim mesma foi ser verdadeira. Por que me sentir uma criminosa por algo que, afinal, diz respeito ao amor?"
Amanda Rodrigues, 18 anos, estudante de artes visuais no Rio de Janeiro


A tolerância às diferenças, antes verificada apenas no ambiente de vanguardas e nas rodas intelectuais e artísticas, está se tornando uma regra - especialmente entre os escolarizados das grandes cidades brasileiras. Uma comparação entre duas pesquisas nacionais, distantes quase duas décadas no tempo, dá uma ideia do avanço quanto à aceitação dos homossexuais no país. Em 1993, uma aferição do Ibope cravou um número assustador: quase 60% dos brasileiros assumiam, sem rodeios, rejeitar os gays. Hoje, o mesmo porcentual declara achar a homossexualidade "natural", segundo um novo levantamento com 1 500 adolescentes de onze regiões metropolitanas, encabeçado pelo instituto TNS Research International. O mesmo estudo dá outras mostras de como a maior parte dos jovens brasileiros já se conduz pela tolerância em vários campos: 89% acham que homens e mulheres têm exatamente os mesmos direitos e em torno de 80% se casariam com alguém de outra raça ou religião. "À medida que as pessoas se educam e se informam, a tendência é que se tornem também mais intransigentes com o preconceito e encarem as questões à luz de uma visão menos dogmática", diz a psicóloga Lulli Milman, da Uerj. Foi o que já ocorreu em países de alto IDH, como Holanda, Bélgica e Dinamarca. Lá, isso se refletiu em avanços na legislação: casamentos gays e adoção de crianças por parte desses casais são aceitos há anos. No Brasil, onde não há leis nacionais como essas, a apreciação fica sujeita a cada tribunal.

Fotos divulgação

OS GAYS NA ARTE
Homossexualidade contida na tela de Caravaggio (à esq.) e escancarada na taça romana do século I


Ainda que o preconceito persista em alguns círculos, atingiu-se um estágio de evolução em que professá-lo se tornou um gesto condenável pela maioria - um sinal de progresso no Brasil. Nas Forças Armadas, onde a aversão a gays sempre se pronunciou em grau máximo (apesar de o regimento interno repudiar a perseguição aos homossexuais), a diferença é que, agora, quando surge um caso desses entre os muros do Exército, o assunto logo suscita indignação. Ocorreu com um general que, neste ano, veio a público posicionar-se contra a presença de gays nas Forças Armadas. Sob pressão, precisou retratar-se. Recentemente, o lutador de vale-tudo Mar-celo Dourado, 38 anos, surgiu no programa Big Brother Brasil, da Rede Globo, dizendo que "homem hétero não pega aids". Além de uma bobagem, a declaração foi tachada de preconceituosa - e a Globo precisou ocupar seu horário nobre com as explicações do Ministério da Saúde sobre o tema. Mesmo que às vezes usados como bandeira por bandos de militantes paparicados por políticos em busca de votos, pode-se dizer que tais episódios apontam para uma direção positiva. Afirma o filósofo Roberto Romano: "A experiência mostra que o desconforto com o preconceito cria um ambiente propício para que ele vá sendo exterminado".

Miriam Fichtner

Assumidos, mas discretos
"Aos 15 anos, depois de alguns flertes com meninos e nenhuma relação com meninas, conheci meu atual namorado. Apaixonado e angustiado por viver escondido, achei que não havia outro caminho senão abrir a questão para os meus pais. Até hoje, não falamos muito sobre o assunto, mas eles já aceitam a situação, e até levo o Leandro para dormir lá em casa. Às vezes, andamos de mãos dadas, mas não trocamos beijos em público. Não preciso ficar expondo minha sexualidade. Prefiro as boates que meus amigos, gays ou não, frequentam ao circuito GLS."
Victor Guedes, 19 anos, produtor de moda (à esq.), com o namorado Luiz Leandro Caiafa, 20, estudante de ensino técnico no Rio de Janeiro



A notícia de que um filho é homossexual continua a causar a dor da decepção a pais e mães (descrita pela maioria dos ouvidos por VEJA como "a pior de toda a vida"). Com pavor de uma reação violenta do pai, meninos e meninas preferem, em geral, contar primeiro à mãe. "Quando meu filho me disse que gostava de meninos, sabia que os velhos sonhos teriam de ser substituídos por algo que eu não tinha a menor ideia do que seria", relata a analista financeira paulista Suerda Reder, 41 anos. É com o tempo que a vida vai sendo reconstruída sob novas expectativas. Dois anos depois da revelação, o namorado de Victor, filho de Suerda, frequenta sua casa sem que isso seja motivo de constrangimento. Muitos pais já compreendem (com algumas idas e vindas) que, ao apoiar os filhos, estão lhes prestando ajuda decisiva. "Quando a própria mãe trata o fato com naturalidade, a tendência é que o preconceito em relação a ele diminua", diz a estilista gaúcha Ana Maria Konrath, 55 anos, em coro com uma nova geração de mães - também mais tolerantes. O que elas sabem por experiência a ciência em parte já investigou. Segundo um estudo americano, conduzido pela Universidade Estadual de São Francisco, jovens gays que convivem em harmonia com os pais raramente sofrem de depressão, doença comum entre vítimas de preconceito.

Miriam Fichtner
"Nunca me escondi"
"Cheguei a beijar garotas, mas foi só quando troquei o primeiro beijo com um menino, aos 14 anos, que senti uma emoção real. Era tão claro para mim que resolvi contar a meus amigos mais próximos da escola que era gay. A princípio, eles estranharam. Cheguei a ser alvo de olhares tortos e gritos de ‘bicha’, mas logo passou. Quando contei a meus pais, no ano passado, eles no fundo já sabiam. Nunca me preocupei em levar garotas para casa só para me passar pelo que não era. Também não tenho necessidade de ficar me reafirmando gay na frente dos outros. Isso é bobo demais. Para mim, é só mais uma de minhas características."
Hector Gutierrez, 17 anos, estudante do 3º ano do ensino médio numa escola particular de Minas Gerais


Um conjunto de fatores ajuda a explicar o fato de a atual geração gay ser mais livre de amarras - alguns de ordem sociológica, outros culturais. Um ponto básico se deve à sua aceitação por outros adolescentes. Para esses jovens, o conceito de tribo perdeu o valor, como chamou atenção o antropólogo americano Ted Polhemus, por meio de suas pesquisas. Ele apelidou essa geração de "supermercado de estilos" - ou só "sem rótulos". Nesse contexto, não há mais lugar para algo como o grupo em que apenas ingressam os gays ou os negros, algo que as escolas brasileiras já ecoam. Antes fonte de tormento para alunos homossexuais, alvo de piadas, quando não de surras e linchamentos, o colégio se tornou um desses lugares onde, de modo geral, impera a boa convivência com os gays. Um sinal disso é que a ocorrência de casos de bullying por esse motivo tem caído gradativamente. "É também mais comum que eles andem de mãos dadas no recreio, sem ser importunados, ou que se tornem líderes de turma", conta a pedagoga Rita de Cássia, da Secretaria de Estado de Educação do Rio de Janeiro. Os próprios colégios reconhecem que, no passado, conduziam a questão à sombra de certo preconceito. "Se surgia um aluno gay, tratava-se imediatamente o assunto como um problema, e os pais eram logo chamados", lembra Vera Malato, orientadora no Colégio Bandeirantes, em São Paulo. "Hoje a postura é apenas dar orientação ao aluno se for preciso."

"Meus sonhos precisaram
ser reconstruídos"
"Acho que toda mãe percebe, a contragosto e com dor, quando seu filho é gay. Sempre tive certeza disso em relação ao Igor, mas alimentava esperanças de que ele mudasse. Cheguei a rezar anos a fio por um milagre. No dia em que meu filho finalmente se abriu comigo, aos 17 anos, fiquei sem chão. Passado o choque, entendi que meus sonhos em relação a ele precisariam ser completamente reconstruídos. Não escondo mais de ninguém que meu filho é homossexual. Sinto que o fato de uma mãe tomar essa iniciativa ajuda a espantar o preconceito. Sempre que arranja um namorado, ele frequenta a minha casa e saímos juntos. Meu filho está feliz. Não é isso que todos nós buscamos?"
Ana Maria Konrath, 55 anos, estilista gaúcha, mãe de Igor Konrath, 20, estudante de comunicação social. Miriam Fichtner



Para boa parte dos jovens gays de hoje, a vida subterrânea nunca fez sentido. Diz o produtor de moda carioca Victor Guedes, 19 anos: "Desde que ficou claro para mim que meu interesse era pelo sexo masculino, não pensei em esconder isso dos meus pais. Só esperei a hora certa para abrir o jogo, com todo o tato". É gritante o contraste com as gerações anteriores, às quais lança luz o livro Cuidado! Seu Príncipe Pode Ser uma Cinderela (a ser lançado pela editora Best Seller), das jornalistas Consuelo Dieguez e Ticiana Azevedo. O conjunto de depoimentos ali reunido revela o sofrimento diário enfrentado por políticos, diplomatas e figurões do mercado financeiro que nunca saíram do armário.

Miriam Fichtner


Ele conta tudo no Twitter
"Solitário, aos 14 anos resolvi dividir com a minha irmã aquilo que já era muito claro para mim: gostava de meninos, e sabia que isso decepcionaria minha família. Ela chorou, disse que logo essa fase passaria, e o pior: contou para todo mundo. Minha família chegou a me encaminhar ao psicólogo. Depois, à igreja. Não foi fácil, mas o alívio de compartilhar a situação me transformou em outra pessoa. Pouco falo sobre meus namoros, e agiria da mesma forma se eles fossem com meninas. Fico, no entanto, bem à vontade para falar de minha vida amorosa no Twitter, no qual tenho mais de 1 700 seguidores. De onde menos se espera às vezes ainda vem uma agressão gratuita, mas a coisa está mudando para melhor."
Lucas El-Osta, 17 anos, estudante do 2º ano do ensino médio no Rio de Janeiro


Ao longo da última década, a indústria do entretenimento tem refletido, de forma acentuada, as mudanças culturais em relação à sexualidade. Na televisão, nunca houve tantas séries retratando o universo gay. Entre as produções de maior sucesso, figuram o seriado americano Glee, que tem como um dos protagonistas um adolescente recém-assumido gay para o pai, e The L Word, sobre um grupo de lésbicas atraentes e chiques de Los Angeles. Nas novelas brasileiras, os homossexuais já não são mais tratados de maneira tão caricatural. "É possível exibir na TV a vida comum de casais gays sem que isso provoque a rejeição do público, como no passado. Hoje, esses personagens fazem o maior sucesso", analisa Manoel Carlos, autor da atual novela das 8, Viver a Vida. Isso não só ajuda a levantar o diálogo sobre a homossexualidade em casa como ainda minimiza a resistência a ela. O rol de celebridades que se assumem gays também cumpre, em certo grau, esse papel. O último a deixar o armário foi o cantor porto-riquenho Ricky Martin, autor do sucesso Livin’ la Vida Loca, que, aos 38 anos, declarou ser gay em tom profético: "Hoje aceito minha homossexualidade como um presente que a vida me deu".



Fotos John Springer/Corbis/Latinstock e Rennio Maifredi/Trunk Archive

O GALÃ E A DIVA
O ator Rock Hudson (à esq.), que manteve casamento de fachada, e Lady Gaga, atual ícone dos jovens gays



A atual geração jamais espera tanto. A idade precoce com que os gays trazem à tona sua orientação sexual chama a atenção dos especialistas. Aos 16 anos, estão ainda na adolescência - uma fase de experimentação e dúvidas. Pondera a doutora em psicologia Ceres Araujo: "Esperar que essa escolha seja eterna para todos é uma simplificação. O que dá para afirmar é que esses jovens têm grande propensão de seguir se relacionando com pessoas do mesmo sexo". Para eles, a homossexualidade está longe de ter a conotação negativa de tantos outros períodos da história. Durante as trevas da Inquisição, arremessavam-se os gays à fogueira. Na Inglaterra do século XIX, eles eram considerados nada menos que criminosos. Em 1895, num dos mais famosos julgamentos de todos os tempos, o escritor irlandês Oscar Wilde, homossexual assumido, foi acusado de sodomia e comportamento indecente. Penou dois anos na prisão. Na Hollywood dos anos 50, o agente do galã Rock Hudson arranjou, às pressas, um casamento de fachada para o ator, com uma secretária. Às voltas com fofocas sobre sua homossexualidade, ele corria o risco de perder contratos. Só em 1985, aos 59 anos e vitimado pela aids, doença que o mataria naquele ano, Hudson se assumiu gay. Num cenário inteiramente diferente, os novos gays não precisam mais passar por esse tormento. Resume o estudante mineiro Hector Gutierrez, 17 anos - típico da geração tolerância: "O dia em que eu contei a verdade a todos foi o primeiro em que me senti realmente livre e feliz".





Reprimidas durante anos, celebridades das mais diversas áreas resolveram vir a público nos últimos meses para assumir-se gays com estardalhaço: da esquerda para a direita, a cantora gospel Jennifer Knapp, o jogador de rúgbi galês Gareth Thomas e o cantor Ricky Martin

Fonte:www.vejaabril.com.br

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Chico Buarque perde sua mãe


Ainda não há informações sobre o velório e o sepultamento de Maria Amélia Buarque de Hollanda, mãe do cantor e compositor Chico Buarque. Ela faleceu na noite dessa quarta-feira, 5, de causas naturais em seu apartamento, em Copacabana, zona sul do Rio de Janeiro.


Memélia – apelido recebido por causa da neta Bebel Gilberto –, completou cem anos em janeiro deste ano. A festa contou com a presença do presidente Luís Inácio Lula da Silva e o do arquiteto Oscar Niemayer.


A assessoria de imprensa de Chico Buarque garantiu que ele não fará comentários sobre o assunto. Ela foi esposa de Sérgio Buarque de Hollanda, intelectual e um dos fundadores do PT.


No âmbito familiar, deixa sete filhos – Miúcha, Sérgio, Álvaro, Maria do Carmo, Ana e Cristina, além de Chico Buarque – , 13 netos e 12 bisnetos. A caçula dos bisnetos, Leila, é filha de Helena com o músico baiano Carlinhos Brown.


domingo, 2 de maio de 2010

FEMINICÍDIO OU FEMICÍDIO

Feminicídio: Uma proposta de tipologia

por Maria Dolores de Brito Mota *


Os crimes de morte contra mulheres continuam acontecendo no mundo todo, fazendo com que feministas de muitos países se apropriem da categoria de feminicídio para denunciar os assassinatos de mulheres motivados por gênero e buscando estabelecer as suas características. No México, foram os assassinatos em Ciudad Juárez(1) e outros na América Latina e Caribe que motivaram uma aproximação à categoria de feminicídio. Recentemente, com o aprofundamento do olhar sobre tais crimes, as feministas argentinas estão desenvolvendo a ideia de feminicídio vinculado como referência às vítimas assassinadas pelo feminicida por sua relação com as mulheres que quer atingir/matar, conforme relata Assunção (23/11/2009)(2).
A cada novo olhar sobre os feminicídios, questões novas surgem, ajudando a construir seu conceito. Uma pesquisa que realizei sobre os assassinatos de mulheres no Ceará divulgados em notícias nos dois maiores jornais cearenses evidenciou elementos que permitem sugerir uma classificação para os tipos de feminicídio. Foram identificadas 256 noticias de assassinatos de mulheres entre 2002 e 2006, dos quais 156(3) foram cometidos com características de feminicídio, sendo classificados de acordo com a relação do feminicida com a vítima e com os motivos alegados para o crime, formando os seguintes tipos:

- Feminicídio passional - é o tipo clássico do assassinato de mulheres cometido por homens com os quais as mulheres mantinham ou mantiveram envolvimento amoroso. Foram 122 casos, cujos autores foram maridos, ex-maridos, companheiros, ex-companheiros, namorados, ex-namorados e até apaixonados não correspondidos. Estes crimes estão diretamente ligados às formas de amar e de se relacionar, baseados na ideia de posse e sujeição do feminino pelo masculino, podendo envolver também relacionamentos homossexuais. Os motivos envolvem ciúme e resistência à separação; mas, também pode ocorrer por disputa de bens ou de filhos. O surpreendente foram dois assassinatos motivados por paixão não correspondida, sem qualquer envolvimento das mulheres com o assassino.

- Feminicídio por vingança - caracteriza-se por ser assassinato de mulheres querendo atingir também pessoas de suas relações com as quais o assassino tinha desavenças. Foram 14 casos relacionados a situações de brigas, disputas ou acerto de contas dos feminicidas com namorados ou parentes das vítimas. São situações em que a mulher é colocada como alvo mais fácil de uma violência que deve atingir outras pessoas pelo sofrimento que sua morte causa, ou por ser considerada uma propriedade que pode ser subtraída do adversário.

- Feminicídio matricida - 4 filhos mataram as mães em circunstâncias envolvendo conteúdo de gênero, em que estavam desempenhando seu papel de mãe, cuidando dos filhos para que não bebessem ou por que tinham problemas mentais.

- Feminicidio filicida - três meninas foram assassinadas por seus pais em circunstâncias com conteúdo de gênero. Um matou a filha de 7 anos por ter sido abandonado pela mulher que espancava; tendo bebido e matado a filha a pauladas e ainda trespassando os seios com cabo de vassoura; outro, assassinou a mulher e a filha de 1 ano e dois meses, queimando-as; outro, matou a filha de 17 anos, espancando-a.

- Feminicídio triangular - as circunstâncias são estabelecidas pela existência de um triângulo amoroso, onde a raiva e o ódio de uma mulher é dirigido à outra, a sua concorrente amorosa. Houve três casos em que a mulher foi assassinada por uma rival.

- Feminicídio por crueldade - em 6 assassinatos de mulheres, os indícios apontavam para uma vinculação dos motivos do crime com a criminalidade social; mas, o diferencial é que a forma de produção da morte das mulheres expressava uma intensa brutalidade, com sinais de tortura, violência sexual, várias modalidades de instrumentos usados simultaneamente (arma de fogo, faca e pau). Em muitos desses crimes, o corpo das mulheres é despido e queimado após o crime ou como parte dele.

Esse aspecto circunstancial do feminicídio permite ampliar o seu entendimento e perceber que se tomarmos a perspectiva de gênero, o número desses crimes aumenta. A dificuldade é encontrar as informações necessárias para aprofundar a análise.

No Ceará, ao mesmo tempo em que as mulheres avançam na conquista de direitos, aumenta sua participação na esfera pública; ampliam-se as políticas públicas para mulheres; também aumentam os casos de feminicídio. A própria Secretaria de Segurança Pública do Ceará - SSP-CE já mostra preocupação em distinguir os assassinatos de mulheres por questões de gênero, embora se concentre apenas naqueles que são cometidos por motivos relacionados a envolvimento amoroso entre o criminoso e a vítima. Segundo divulgou, em dezembro de 2009(4), dos 147 assassinatos de mulheres ocorridos naquele ano, 57, ou seja, 37% foram considerados crimes passionais.


Faz-se necessária a discussão sobre a adoção da categoria feminicídio para a denúncia e a compreensão dos assassinatos de mulheres por motivações de gênero. Faz-se necessário também conhecer a dinâmica da produção do feminicídio a partir dos instrumentos usados para matar e dos ferimentos provocados com estes nos corpos das mulheres.

Notas:

(1) ISIS Internacional. O avanço dos direitos humanos e a violência contra mulheres. Femicídio/Feminicídio. Disponível em: http://www.isis.cl/temas/vi/activismo/Portugues/feminicidioPORT.pdf
(2) ASSUNÇÃO, Karol. Mais de 170 mulheres foram vítimas de feminicídio este ano. Disponível em: http://www.adital.com.br/site/noticia.asp?lang=PT&cod=43185
(3) As notícias são muito superficiais, sem muitos detalhes; assim, consideramos apenas aquelas em que foi possível identificar o feminicida e os motivos do crime.
(4) Jornal O Povo. 8/12/2009.


* Socióloga, Profª da UFC, Coordenadora do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Gênero, Idade e Família, NEGIF

Fonte: Adital

Oposição quer pedir anulação da candidatura de Dilma

Dom, 02 Mai, 07h26



A oposição se prepara para mais um round contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por causa das declarações feitas por ele ontem, durante os eventos em comemoração do Dia do Trabalho. A oposição entra amanhã na Justiça Eleitoral com nova ação contra Lula por campanha antecipada e sugere que pode pedir a anulação da pré-candidatura do PT pela insistência do presidente em demonstrar publicamente apoio a Dilma Rousseff.


PUBLICIDADE
Outra frente de ataque será contra as estatais que patrocinaram os eventos de ontem das centrais sindicais. O fato está sendo entendido, na avaliação de alguns integrantes do PSDB e do DEM, como um ato de improbidade administrativa.




O presidente do DEM, deputado Rodrigo Maia (RJ), informou que o partido encaminhará amanhã os papéis com o pedido da nova ação. É a segunda acusação em menos de uma semana - já que a oposição entendeu que o pronunciamento feito na quinta-feira por Lula em cadeia de rádio e televisão também configurou campanha antecipada. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.


Fonte: http://br.noticias.yahoo.com/s/02052010/25/politica-oposicao-acionara-novamente-tse-lula.html
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...