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sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

A Síndrome da militância arrogante

Parte dos oprimidos adota, previsivelmente, a ideologia do opresor. Mas nem por isso feminismo, ou outros movimentos libertários, deveriam julgar-se superiores


Por Marília Moschkovich, editora de Mulher Alternativa | Imagem: Nick Gentry
A situação não é nada nova: mulheres reforçando o machismo. Isso sempre existiu e existirá, enquanto houver machismo. Ser mulher não torna ninguém automaticamente revolucionária, feminista. Estar na condição de oprimido não torna ninguém necessariamente contra a opressão. Aqueles que lutaram e lutam pelo socialismo no mundo todo sabem bem disso. Se essa condição fosse suficiente para derrubarmos as opressões, definitivamente não teríamos saído da guerra fria como majoritariamente capitalistas, no mundo todo. Quem eram (e quem são) os soldados estadunidenses nas guerras contra “o comunismo”? Donos de empresas? A classe que tem os meios de produção? (eu realmente preciso responder essas perguntas pra vocês?)
A lógica é relativamente simples: existe uma forma dominante de pensar, que defende sempre os interesses de quem domina. Marx chamou isso de ideologia, Gramsci foi mais longe e pensou numa hegemonia, Althusser explicou que esse negócio se difunde por “aparelhos ideológicos” responsáveis em transmitir essas maneiras de pensar e reforçá-las (e, depois, dirá Foucault, a coagir e controlar as pessoas para que as executem). Essa é, substancialmente, a maneira pela qual quem concentra poder mantém o poder concentrado e a sociedade funciona como funciona. As opressões de classe, raça e gênero têm ainda uma série de ferramentas próprias para que se mantenham.
Por isso, não é de se espantar que mulheres reforcem o machismo, ou que pessoas negras reforcem o racismo, ou que pessoas mais pobres defendam os interesses de pessoas mais ricas, e daí em diante. Como militantes, porém, temos duas formas de lidar com essa situação.
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A primeira forma é um tanto contraditória, mas extremamente popular entre militantes de diversas causas, infelizmente. Frustrados com essa contradição gerada pelos próprios sistemas de opressão, muitos de nós acabam descontando a frustração nas pessoas que, em tese, estaríamos defendendo. Há algumas semanas, várias companheiras feministas compartilharam no Facebook uma imagem que apontava alguns motivos pelos quais as mulheres deveriam reconhecer o feminismo. No fim da imagem, um pequeno asterisco estragava todo o propósito de militância, com os seguintes dizeres: “Mas se você prefere continuar lavando louça, provavelmente você deve ser mais útil na cozinha. Então fique lá, enquanto outras lutam por você. Não precisa expor sua ignorância para toda a rede”.
Ai. Essa me doeu na alma.
Doeu porque é uma postura muito comum: o militante, ou a militante, sente-se de alguma maneira superior porque consegue enxergar além do véu da ideologia dominante (como diria o barbudo alemão). Esse ar de superioridade faz com que ele ou ela sinta-se no direito de falar por grupos dos quais muitas vezes ele/ela não fazem parte e, muito pior que isso, excluir as próprias pessoas em situação de opressão da luta contra essa opressão. Acham-se no direito de determinar que sua luta “serve” apenas para algumas pessoas – aquelas iluminadas como ele/a, que enxergam os mesmos grilhões. Que raio de militância é essa?
Pessoalmente, prefiro uma segunda atitude possível diante dessa frustração. A bem da verdade, ela inibe o próprio sentimento de frustração. Consiste em enxergar, na existência de oprimidos que agem contra seus próprios interesses, um resultado inevitável do próprio sistema de opressão. Isso permite entender que, enquanto nossos movimentos (negro, feminista, de trabalhadores, etc) existirem, essa contradição existirá, já que a partir do momento em que acabarmos com a opressão, nossa própria militância perde o propósito de existir. Quer dizer: lutamos para acabar com uma opressão; enquanto essa opressão existir, existirá essa contradição que frustra muitos e muitas de nós; quando conseguirmos acabar com a opressão, conseguiremos acabar com a contradição; mas então, nosso próprio movimento deixará de existir.
O fim último de todo movimento contra opressões é que, como resultado de seu próprio trabalho, ele deixe de ser necessário. Que ele deixe de ser necessário precisa ser um objetivo geral, que valha para absolutamente todas as pessoas envolvidas nesses sistemas de opressão. Não dá pra pensar um feminismo que quer incluir apenas as feministas no processo e no resultado da luta. Não dá, gente. Não dá.
Ou o feminismo será para todas e todos, ou não será.

quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Revolucione e venha conosco.

O ato politico da III Parada da Diversidade que acontece em Cruz das Almas, Recôncavo da Bahia, que tem a frente uma mulher negra, lésbica, ativista politica e social, não confundir ato politico com ato partidário.

Sou sim uma mulher de esquerda, consciente a atuante do meu papel e em grande parte do meu dia preciso atuar como advogada de mim mesma, embora saiba que não se possa advogar em causa própria, exceto Nelson Mandela que o fez brilhantemente.

A postura coerente, comprometida e séria com que atuamos, agora falo do Grupo OMNI Bahia, muitas vezes é confundida com a de quem atua mercantilizando-se, não abrimos mão de pautar os governos, ainda que alguns de nós sejamos ativistas partidários. Vale reafirmar que podemos até ser tarefeiros e tarefeiras, não é demérito algum, afinal é assim que o mundo gira; mas massa de manobra nem de longe aspiramos.

O movimento homossexual brasileiro avançou no gol da visibilidade, avançou no campo do respeito e marcou uma torcida de milhares para a qualidade de vida e garantias de direitos civis, jurídicos e humanos.

As pessoas não são mais tão conservadoras como antes, e a prova viva de que o amor é maior que o preconceito está visivelmente observado e pontual na quantidade de familias que seguem seus filhos e filhas homossexuais nas paradas do recôncavo.

Entendemos que sem um governo que empoderasse as minorias, lhes garantisse respeito, auto estima, cidadania e seriedade, nenhum movimento socialmente oprimido tiraria seu opressor da condição de superior. Não falamos em paternalismo ou clientelismo como funciona nas práticas antigas da politica da ditadura e neo burguesa, falamos dos dez anos de poder do governo de esquerda petista que foi construido pela sociedade civil, pautamos o presidente Lula sim, da mesma forma que pautamos a presidenta Dilma. E avançamos, imperceptível, mas avançamos.

Cá pelas bandas de Cruz, somos um grãozinho de areia que ainda continua ao sabor das imtempéries dos governantes, dos favores de amigos, da coragem de poucos, do enfrentamento de alguns, da ausencia dos gays, lésbicas e travestis que não querem se misturar com quem "fecha" nos espaços. 

Reforçando e reproduzindo o preconceito e o machismo numa conduta heteronormativa, alguns que no poder utiliza dele de forma pessoal esquecendo que a transformação social e o empoderamento  pessoal, poder partidário algum pode mensurar, o avanço do ganho imaterial dessas pessoas que sequer sentiam-se pessoas, pode ser medido a olho nú.

E a essas pessoas hoje autoafirmadas, cidadãs de direito e de fato, ativista da causa coletiva o meu agradecimento pela forma coesa e respeitosa com que atuamos até aqui e que continuaremos engrossando fileiras do bem estar social, colhendo vida e excluindo violencia, erradicando vaidade e ódio, a nossa prática é de semear o respeito acima de qualquer instancia numa elegância impar, disputando sim os espaços coletivos, fazendo o enfrentamento de quem acredita que a nossa parada é mais uma festa.

Engana-se! A nossa parada da diversidade é a festa; coletiva e legitima da sociedade civil para a sociedade civil, no formato moderno equivalente ao mundo atual, mas que conserva o respeito e o direito coletivo, nosso ato é um ato de revolução para que as pessoas que acreditam que preconceito pode ser rompido e transformado: Revolucionar-se!

Somos homossexuais sim, e faz-se necessário ter um novo olhar acerca dessa sexualidade acima da visão técnica ou de tolerância.

Sejam bem vindos a III Parada da Diversidade de Cruz das Almas no Recôncavo da Bahia. Se você é oprimido, aqui é o seu lugar.

domingo, 1 de dezembro de 2013

Inscrições para Cursos on line de extensão e especialização em Gestão de Políticas Públicas em Gênero e Raça



O Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre a Mulher (NEIM/UFBA)torna público a realização dos Cursos de Formação em Gestão de Políticas Públicas em Gênero e Raça, nas modalidades extensão (300 horas) eEspecialização (420 horas). 



Os cursos serão realizados de forma semipresencial (educação a distancia) através da Universidade Aberta do Brasil


Trata-se de um curso oferecido pela Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres (SPM-PR), a Universidade Federal da Bahia e a Universidade Aberta do Brasil em uma parceria com a Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR/PR), a Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização,  Diversidade e Inclusão do Ministério da Educação (SECADI/MEC) e a ONU Mulheres - Entidade das Nações Unidas para a Igualdade de Gênero e o Empoderamento das Mulheres

O objetivo dos cursos de Gestão de Políticas Públicas em Gênero e Raça – GPP-GeR é formar profissionais aptos/as a atuarem no processo de elaboração, aplicação, monitoramento e avaliação de projetos e ações de forma a assegurar a transversalidade e a intersetorialidade de gênero e raça nas políticas públicas. A meta é que a Administração Pública desenvolva instrumentos para transformar a preocupação com a equidade de gênero e raça em ações permanentes e sistêmicas incorporadas à agenda pública.


Estes cursos são dirigidos a servidores/as federais, estaduais e municipais da Administração Pública, a integrantes dos Conselhos de Direitos da Mulher, dos Fóruns Intergovernamentais de Promoção da Igualdade Racial, dos Conselhos de Juventude e a dirigentes de organismos não governamentais ligados à temática de gênero e da igualdade étnico-racial. Também poderão ser beneficiados/as pelo programa gestores/as das áreas de educação, saúde, trabalho, segurança e planejamento.

As vagas do curso de especialização serão destinadas aos polos de Camaçari (30 vagas); Conceição do Coité (30 vagas); Jacaraci (30 vagas); Juazeiro (30 vagas); Mata de São João (30 vagas); Pintadas (30 vagas); Piritiba (30 vagas)., extensivos aos municípios circunvizinhos a esses polos.
As vagas do curso de extensão serão destinadas aos polos de Camaçari (50 vagas); Mata de São João (50 vagas); Carinhanha (50 vagas) e Paulo Afonso (50 vagas), extensivos aos municípios circunvizinhos a esses polos.


 Os cursos são gratuitos e as inscrições estarão abertas no período de  09 de dezembro de 2013 a 10 de janeiro de 2014
Os editais de seleção para os cursos de extensão e de especialização com todas as informações e formulários de inscrições necessários, estarão disponíveis a partir do dia 09 de dezembro nos seguintes endereços:


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