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quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Em tempos de plim-plim

Sugiro a revisitação de minha resenha sobre texto de Adilson Citelli e recomendo a leitura da obra, na íntegra.

Signo e Persuasão- Resenha Crítica.
Lola Laborda*

O texto “Signo e Persuasão- A Natureza do Signo Linguístico”, capítulo 3, da obra completa assinada por Adilson Citelli, (Série Princípios), publicado pela Editora Ática, é um caminho para a interpretação dos si
gnos na construção do discurso persuasivo que emerge, a partir da estrutura e das funções desses “sinais” simbólicos gerados pela semiologia e que deságuam, em distintos olhares e leituras, na conceituação do discurso persuasivo, ou, na significação deste, tomando como base a teoria de Ferdinand de Saussure, lingüista e filósofo suíço, onde o “significante” e o “Significado” , assumem um papel decisivo nas leituras interpretativas- persuasivas, conduzindo o leitor ao conceito de significação, colocando em evidência a arbitrariedade do signo, demonstrada pela inexistência de uma inter-relação direta entre o “significante” e o “significado” e seu conteúdo simbólico.

O autor se permite um alinhamento com o pensamento de Mikhail Bakhtin, teórico marxista Russo, segundo o qual, é impossível a desvinculação entre signo e ideologia já que o discurso ideológico é permeado de signos e , o estudo dos signos nos leva, inexoravelmente, aos valores ideológicos dessas construções, sendo Bakhtin conclusivo, ao afirmar que “sem signos, não há ideologia”.


Citelli ratifica o pensador Russo, demonstrando todo o teor ideológico da foice e do martelo, na ideologia comunista, traduzindo a união dos trabalhadores urbanos e rurais do ex- Estado Soviético, e de como as instituições se apoderam dos signos como “correia de transmissão” de seus interesses ideológicos, como o pão para a Igreja Católica, que assume a conotação religiosa, de “corpo de Cristo”, e que as organizações sociais desempenham um papel central, de fundamental importância na construção e consolidação do discurso persuasivo ideológico, através dos signos.


Segundo Marilena Chauí, em seu artigo sobre sociedade, ética, e um discurso “autorizado”, onde a competência vem antes da ética, desconsiderando a natureza e a finalidade dos feitos, a grande filósofa brasileira chega a destacar que “Deus e o Diabo, podem diferenciar-se na terra do sol, mas, no tocante à organização produtiva, eles se misturam, não importando, no entanto, para quem os bens se voltam”.


Citelli, apresenta em seu excelente e muito elucidativo texto “Signo e Persuasão- A Natureza do Signo Linguistico”, uma considerável variação de olhares e saberes a respeito dos signos que fazem o discurso persuasivo, apoiado por teorias de Ferdinand de Saussure à Marilena Chauí, por sinal, uma crítica mordaz da visão Aristotélica que embasa toda a teoria do autor.


O texto, leve é “palatável” a todos os níveis da esfera acadêmica, e mostra-se muito eficiente, como um primeiro contato e ponto de partida para uma minuciosa e ampliada pesquisa sobre os meandros da lingüística e sua contribuição para a construção e fruição das diversas gamas de discursos persuasivos, e de como os signos lingüísticos participam ativamente da nossa vida cotidiana na elaboração destes, com a sua mensagem subliminar.


Fica muito claro, também, o uso deliberado e indiscriminado que as instituições fazem destes signos e de como as sociedades estão vulneráveis às mensagens codificadas de ideologias políticas (como Hitler usou bem isso!), religiosas, e culturais, num mundo cada vez mais globalizado. Na “Sociedade do Espetáculo”, como diria o filósofo francês, Guy Debord , e na era da informação, podemos pensar, inclusive, de como pode ser temeroso o uso dos signos lingüísticos em mãos inescrupulosas.


Adilson Citelli, mestre em Letras e professor da Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo- (ECA/USP), para quem “o elemento persuasivo está colado ao discurso como a pele ao corpo”, teve excelente receptividade, de um público bastante variado, ao lançar seu livro –“Linguagem e Persuasão”, da Série Princípios, da Editora Àtica", sua tese de Doutoramento que lhe trouxe reconhecimento nacional e status de referência no assunto.


Parafraseando o autor, “persuadir não é sinônimo imediato de mentira ou coerção, mas que os resultados dependem do comportamento adotado no discurso. E que para existir persuasão, condições são estabelecidas e a principal delas é a existência da democracia, que permite a livre circulação de idéias”.


Signo e Persuasão é um texto recomendável para acadêmicos, não apenas da área de Letras, mas também, das áreas de sociologia, Antropologia, Comunicação, Artes, Cinema, Marketing e Propaganda, enfim, um texto muito abrangente para leitores que desejam ampliar sua visão de mundo , em especial, do mundo da comunicação.

*Lola Laborda, é acadêmica do Bacharelado Interdisciplinar em Artes, com habilitação em Cinema e Audiovisual, da Universidade Federal da Bahia-UFBA- Instituto de Humanidades, Artes e Ciências Prof. Milton Santos- IHAC

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