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terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

O discurso institucional do governo esconde a divisão entre os integrantes do PT



Paulo de Tarso Lyra
Publicação: 12/02/2013 09:29 Atualização:
 
A vantagem petista de ter dois nomes em plenas condições de disputar a Presidência da República em 2014 — a atual presidente Dilma Rousseff e o antecessor Luiz Inácio Lula da Silva — acaba transformando-se em uma briga de torcidas difícil de controlar internamente. Embora alguns ministros tenham inegável ligação com o ex-presidente, na Esplanada todo o esforço é para que Dilma se reeleja em 2014. Mas no partido, especialmente nas bancadas parlamentares, nos movimentos sociais e em parte do empresariado, o “volta Lula” é amplamente majoritário.

Interlocutores ouvidos pelo Estado de Minas, no entanto, asseguram que mesmo os mais ferrenhos defensores de Lula reconhecem que, politicamente, a presidente Dilma tem todo o direito de disputar a reeleição. Para evitar confusões institucionais, o discurso ensaiado é de que ela será candidata.

Entre os partidos aliados, as opiniões são divergentes. Lula mandou avisar que vai se empenhar para manter a aliança com o PMDB e o PSB e garantir a reeleição de sua pupila. Apesar do bom relacionamento com Dilma, a ligação de Eduardo Campos com Lula é quase consanguínea. Remete aos tempos do avô dele Miguel Arraes. O governador pernambucano deve muito do crescimento de Pernambuco à ajuda de Lula durante os oito anos de governo do petista.

No caso do PMDB, o grupo que comanda o partido, especialmente o vice-presidente Michel Temer, é mais aliado de Dilma. Ele teve que vencer as resistências do ex-presidente para emplacar como candidato a vice. Lula preferia o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral. O chefe do Executivo fluminense já confidenciou a aliados que, se Lula voltar em 2014, ele seria o favorito para ocupar o Palácio do Jaburu. Por isso, cresceram as especulações de que Lula poderia propor que Temer se transformasse no candidato ao governo de São Paulo, com apoio do PT, para que Eduardo Campos emplacasse na vice de Dilma. O PSB não demonstrou muito interesse, diante das possibilidades mais do que viáveis de uma candidatura própria em 2014.

O PR também tem saudades dos tempos de Lula. Com sete meses de governo Dilma, o senador Alfredo Nascimento (PR-AM) foi defenestrado do Ministério dos Transportes, sob a acusação de que a legenda superfaturava contratos. Dilma efetivou Paulo Sérgio Passos — que chegou a ser ministro interino ao longo do governo Lula —, levando o PR a declarar-se independente. Para diminuir essa desconfiança, Dilma convocou os líderes do partido na semana passada e negociar um ministério.

Fogo amigo Os petistas andam na corda bomba. Mesmo os lulistas autênticos temem a repetição, no plano federal, da trapalhadas nas esferas estadual e municipal, cometidas em tempos passados, e que nunca deram certo. Um exemplo está no Rio Grande do Sul. Olívio Dutra tinha direito à reeleição para governador, mas foi derrotado por Tarso Genro nas prévias. A disputa pelo governo estadual acabou sendo vencida pelo então candidato do PMDB, Germano Rigotto. A única alternativa seria Dilma, espontaneamente, abrir mão da candidatura para Lula. “Não há essa hipótese. Dilma será nossa candidata em 2014. E incentivada por Lula. Ninguém nega que, se Lula quiser, ele vai ser candidato, mas ele não quer”, garantiu um petista que não esconde a preferência pelo ex-presidente. “Dilma sabe que só tornou-se presidente porque Lula quis. Foi ele quem convenceu a presidente a aceitá-la. Os passos dela dependem dos planos dele”, disse o mesmo petista.

Dentro do governo, a ordem unida é inevitável. Todos estão empenhados, segundo um ministro ouvido pelo EM, em fazer o Executivo deslanchar e garantir mais quatro anos para a chefe. “É claro que Lula e Dilma estão afinados. Eles se falam sempre, mas desde o início a presidente buscou mostrar que, na atual gestão, era ela quem mandava”, disse um aliado presidencial. Interlocutores da presidente acreditam que todas essas críticas que se acumulam nas últimas semanas, sobre a falta de jogo de cintura nas negociações políticas e o intervencionismo nas medidas econômicas, são fogo amigo. “Não nos iludimos, esse tiroteio vai crescer ainda mais até a eleição presidencial do ano que vem”, disse um aliado direto de Dilma. 


Fonte: http://www.em.com.br/app/noticia/politica/2013/02/12/interna_politica,349936/o-discurso-institucional-do-governo-esconde-a-divisao-entre-os-integrantes-do-pt.shtml

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