“Princípios organizativos do Movimento Passe Livre Nacional
O Movimento Passe Livre é um movimento horizontal, autônomo,
independente e apartidário, mas não antipartidário. A independência do
MPL se faz não somente em relação a partidos, mas também a ONGs,
instituições religiosas, financeiras etc.
Nossa disposição é de
Frente Única, mas com os setores reconhecidamente dispostos à luta pelo
Passe-Livre estudantil e pelas nossas perspectivas estratégicas. Os
documentos assinados pelo Movimento devem conter o nome Movimento Passe
Livre, evitando, assim, as disputas de projeção de partidos, entidades e
organizações.
A via parlamentar não deve ser o sustentáculo do MPL, ao contrário, a força deve vir das ruas.
Os princípios constitutivos do MPL serão definidos somente pelo método
do consenso. Nas deliberações não referentes a princípios, deve-se
buscar propostas consensuais, na impossibilidade, deve-se ter previsto o
recurso à votação.
Perspectivas Estratégicas
O MPL
não tem fim em si mesmo, deve ser um meio para a construção de uma outra
sociedade. Da mesma forma, a luta pelo passe-livre estudantil não tem
um fim em si mesma. Ela é o instrumento inicial de debate sobre a
transformação da atual concepção de transporte coletivo urbano,
rechaçando a concepção mercadológica de transporte e abrindo a luta por
um transporte público, gratuito e de qualidade, como direito para o
conjunto da sociedade; por um transporte coletivo fora da iniciativa
privada, sob controle público (dos trabalhadores e usuários).
O
MPL deve ter como perspectiva a mobilização dos jovens e trabalhadores
pela expropriação do transporte coletivo, retirando-o da iniciativa
privada, sem indenização, colocando-o sob o controle dos trabalhadores e
da população. Assim, deve-se construir o MPL com reivindicações que
ultrapassem os limites do capitalismo, vindo a se somar a movimentos
revolucionários que contestam a ordem vigente. Portanto, deve-se
participar de espaços que possibilitem a articulação com outros
movimentos, sempre analisando o que é possível fazer de acordo com a
conjuntura local.
Os projetos reivindicados para a
implementação do passe livre para uma categoria não devem implicar em
aumento das tarifas para os demais usuários.
O MPL deve
fomentar a discussão sobre aspectos urbanos como crescimento desordenado
das metrópoles, relação cidade e meio ambiente, especulação imobiliária
e a relação entre drogas, violência e desigualdade social.
O
MPL deve lutar pela defesa da liberdade de manifestação, contra a
repressão e criminalização dos movimentos sociais. Nesse sentido, lutar
contra a própria repressão e criminalização de que tem sido alvo.
Organização e constituição
O apoio mútuo deve ser a base que garante a existência do movimento em nível movimento nacional.
O MPL se constitui através de um pacto federativo, isto é, uma aliança
em que as partes obrigam-se recíproca e igualmente e na qual os
movimentos nas cidades mantêm a sua autonomia diante do movimento em
nível federal, ou seja, um pacto no qual é respeitada a autonomia local
de organização.
As unidades locais devem seguir os princípios
federais do movimento. Ressalta-se que o princípio da Frente Única deve
ser respeitado, estando acima de questões ideológicas.
O MPL em
nível federal é formado por representantes dos movimentos nas cidades,
que constituem um Grupo de Trabalho (GT). O GT é formado por pelo menos 1
e no máximo 3 membros referendados pelas delegações presentes no
Encontro. Os grupos locais de luta não presentes devem ter o aval dos
movimentos que fizerem parte do GT. Deve-se garantir a rotatividade
dentro do GT de acordo com as decisões do MPL local.
Semana Nacional de Luta pelo Passe Livre
A semana do dia 26 de outubro fica definida como Semana Nacional de
Luta pelo Passe-Livre. Preferencialmente, as mobilizações devem ocorrer
no dia 26 de outubro, e se possível no mesmo horário. Os MPLs locais
devem ter autonomia para definir as atividades a serem realizadas. O GT
deve procurar obter a programação de todas as cidades para divulgar por
meios eletrônicos e outros.
Outras resoluções
- O MPL
deve utilizar mídias alternativas para a divulgação de ações e fomentar a
criação e expansão destes meios. Já o contato com a mídia corporativa
deve ser cauteloso, entendendo que estes meios estão diretamente
atrelados às oligarquias do transporte e do Poder Público.
- O MPL se coloca contra todo tipo de preconceito (racial, sexual, gênero etc.).”
—
Entendendo os princípios
Leu a carta de princípios e ficou com dúvidas?
Veja abaixo a definição dos princípios para compreender melhor nossa organização.
Autonomia
A autonomia é o mesmo que auto-gestão. Significa que todos os recursos
financeiros do movimento devem ser administrados, criados e geridos pelo
movimento. Aqui, não vale depender de doações de empresas, ONGs,
partidos políticos e outras organizações.

Independência
A independência é uma das conseqüências da autonomia. Os coletivos do
MPL são independentes entre si, em suas ações locais, desde que
respeitem os princípios organizativos nacionais. O MPL também age
independentemente de partidos políticos, ONGs, governos, ideologias e de
unidades teóricas. O MPL depende apenas das pessoas que o constituem.
Horizontalidade
Todas as pessoas envolvidas no MPL devem possuir o mesmo poder de
decisão, o mesmo direito à voz e a liderança nata. Pode-se dizer que um
movimento horizontal é um movimento onde todos e todas são líderes, ou
onde esses líderes não existem. Desta forma, todose todas tem os mesmos
direitos e deveres, não há cargos instituidos, todos e todas devem ter o
acesso a todas as informações. As responsabilidades por tarefas
específicas devem ser rotatórias, para que os membros do grupo possam
aprender diversas funções.
Apartidarismo, mas não antipartidarismo
Os partidos políticos oficiais e não-oficiais, enquanto organização,
não participam do Movimento Passe Livre. Entretanto, pessoas de
partidos, enquanto indivíduos, podem participar desde que aceitem os
princípios e objetivos do MPL, sem utilizá-lo como fator de projeção
política. O MPL não deve apoiar candidatos a cargos eletivos, mesmo que o
candidato em questão participe do movimento.

Federalismo
O MPL é um movimento nacional que se organiza através de um Pacto
Federativo, que consiste na adoção dos princípios de independência,
apartidarismo, horizontalidade, decisões por consenso e federalismo.
Isso confere autonomia a cada coletivo local, desde que estes respeitem
os principios do Movimento Nacional. Os coletivos devem ainda
estabelecer uma rede de contatos inter-coletivos, tentando ao máximo se
aproximar uns dos outros, tornando real o apoio mútuo entre coletivos, o
que garantirá organicidade ao Pacto Federativo do MPL.
Fonte: https://www.facebook.com/MovimentoPasseLivreSalvador/posts/485506608198041
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