Ficar dentro de um armário significa não sofrer diretamente com a discriminação, isto é, ninguém vai olhar torto para você, negar emprego ou fazer comentários desagradáveis pela sua orientação sexual, mas o preço que se paga é muito alto.
No armário as traças acabam com seus sonhos, corroem o que há de mais belo na vida – a liberdade. Lá dentro ninguém pode ver você. O armário pode ser lindo, admirado, confortável, protetor, mas só por um tempo. Logo ele perde a graça, limita seus movimentos, e o ar fica viciado. E a regra é clara: se você não tiver seus próprios sonhos e correr atrás deles, outros irão sonhar e batalhar por você – Um lindo casamento com alguém do sexo oposto, muitos filhos, a profissão mais rentável, uma vida completamente cômoda e previsível.
Pais conservadores podem influenciar muito na decisão por ficar dentro, principalmente se a pessoa ainda depender deles financeiramente ou emocionalmente. Batalhe por sua independência, corra atrás do que gosta de fazer, consiga um emprego que pague as suas contas e declare sua liberdade. Não caia nas armadilhas sentimentais que as mães sabem construir tão bem. A vida é sua e você não é a continuação do que ela gostaria de ser e não foi. Seus pais tiveram a chance de construir a vida deles do jeito que acharam melhor, agora é a SUA vez. Não tente mudar a vida dos outros e não deixe que interfiram nos seus sonhos. O amor verdadeiro liberta, não tenta moldar ninguém de acordo com religião, crenças, cultura, costumes ou rentabilidade.
Pessoas que fogem do “comum” costumam causar um certo desconforto a quem está acostumado a seguir várias regras sociais e comportamentais desde que nasceram. Existe uma egrégora de medo da extinção da humanidade, ou algo parecido, que faz as pessoas pensarem que qualquer coisa que saia dessas regras é sinal de que o final dos tempos está próximo. Tem gente que ouve até as trombetas do apocalipse soarem. É mais fácil o mundo acabar do que transformarem seus conceitos, tentarem mudar algo em seu modo de ver a vida. A maioria não questiona o passado, não quer saber quem ditou essas regras, não consegue ler nas entrelinhas de escritos sagrados. Engoliram a vida que lhes foi empurrada e agora exigem que outros façam o mesmo.
Tive a sorte de ter pais compreensíveis, mas minha saída do armário aconteceria de qualquer forma, eles aceitando ou não. Pais que não toleram filhos homossexuais não merecem ser pais. Não merecem a alegria de se desfazerem dessa doença chamada preconceito. Pais assim não sabem a bênção que estão desperdiçando.
Estar fora do armário significa ter maiores chances de encontrar um grande amor e vivê-lo plenamente, sem envergonhar-se de algo que não prejudica a ninguém, de um amor que só fere conceitos antiquados de família e normalidade e que só serve para nos limitar e nos controlar. É mais fácil ensinar aos filhos velhos valores de sociedade do que dar exemplos do que é ser amado e amar, respeitar e ser respeitado, ser livre sem ferir ao próximo, a lutar pelos seus ideais, mesmo que isso signifique não ter segurança alguma e que a vida foi feita para viver e ser feliz e não para nascer, trabalhar, comer, dormir, fazer filhos iguais a eles, envelhecer acumulando dinheiro e morrer sem levar nada disso.
Uma pessoa realizada, que faz o que tem vontade, que é livre e feliz, nunca vai desejar prender ou moldar alguém ou ainda impor o caminho que acham ser o melhor. O amor não tem contra-indicação e nem efeitos adversos – só faz bem.
Aqui fora o ar é fresco e se alguém não gostar da vida que eu levo – ué, o problema não é meu.
Fonte: www.paradalesbica.com
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