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terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Sobre o bebê e as agulhas em seu corpo. Nota pública do subúrbio de Salvador. Bahia


Nota pública

Nós da rede religiosa de matriz africana do subúrbio (rremas ), vimos a público manifestar nossa indignação diante de mais uma brutalidade que a ignorância popular atribui a nós como prática religiosa. Mais ainda, nos indignamos com o fato em sí que vitimou um ser pequenino no tamanho, mas grande em sua essência, inocente e por tudo isso sagrado para nós: uma criança (que até o nome esqueceram e que está sendo chamado “menino das agulhas”); vitimada pela insanidade de pessoas visivelmente descompensadas.

Tão pasmos como toda população, temos acompanhado as reportagens esperando para ele um desfecho positivo e que os meios de comunicação acorram às nossas lideranças religiosas para alguma declaração, como é de praxe se fazer, em circunstâncias como esta, quando um importante segmento da sociedade é citado ou responsabilizado.

Vimos a fala do médium Divaldo Franco, por quem devotamos respeito; contudo, não pode ser considerada como bastante a ponto de não se buscar ouvir outros segmentos espiritualistas, principalmente, o citado pelo reu-confesso.

Preocupados com o crescimento da calúnia, estamos nos antecipando, para que não cresça sobre nós a intolerância religiosa ou pior, o ódio religioso, já tão fortemente disseminando por determinados setores neopentecostais, através de suas tão públicas e “notórias” atividades mercadológicas.

Portanto, declaramos que nunca houve e não há em nenhuma das nações religiosas, de culto a ancestralidade africana e brasileira, as quais chamamos de “religiões de matriz africana”, ritual, de qualquer objetivo, envolvendo sacrifício de vida humana, seja qual for a faixa etária, muito menos haveria da infantil, que é por nós tão respeitada.

Vale ressaltar, que não há em nenhum dos sacrifícios rituais que realizamos com animais, requintes de crueldade. As famílias brasileiras consomem todos os dias, toneladas e mais toneladas de carne animal sem questionar quais os métodos adotados para abatê-los e, podemos garantir que não são nada generosos, boa parte deles são extremamente cruéis. A despeito do que tratamos aqui, consideramos uma ressalva importante, pois que completa a informação e se antecipa as argumentações, hipócritas e amoral em sua maioria, de que sacrificamos animais.

Ainda vale outra ressalva, para o fato de que mesmo se uma das acusadas fosse iyálòrixá (“mãe de santo”), não se poderia condenar o candomblé; pois que quando um médico erra, não se condena toda a médicina. Assim como o erro de líderes religiosos, não se atribui às suas matrizes religiosas.

Não há histórico nem lugar para esta monstruosidade que insistem em dar visibilidade no discurso ignorante e não inocente (porque busca se eximir da responsabilidade), do criminoso, de que uma das acusadas usava “os caboclos e orixás”, para sua prática assassina e doentia. Os caboclos, orixás, vodus e inquices, de certo vão cobrar dele e de quem mais afirmar tal barbaridade. Eles são seres de luz e na luz, responsáveis pelo equilíbrio da terra, das pessoas e de suas relações.

Por fim, conclamamos a todas as organizações dos “povos de santo” a quem preferimos chamar de “povos de terreiro”, da Bahia e de todo o país, a se manifestarem, para que mais esta injustiça _ que aliás, já desponta em outros estados, a exemplo do maranhão, como “magia negra” e, aí automaticamente afirmam autoria a nós _ não se atribua a nossa tão bonita religião. Embora, diga-se de passagem, nada tem haver o termo “magia negra” com o conhecimento da magia africana, passada de geração em geração há milhares de anos, , que manipula os elementos da natureza para nos equilibrar diante dela e nos religar a ancestralidade, lembrando que a humanidade surgiu na áfrica. Vale destacar, que magia negra é coisa de séculos remotos

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