29 de janeiro marca Dia da Visibilidade Trans na Bahia

Lorivete, “é preciso resgatar a dignidade das travestis”

29 de janeiro marca Dia da Visibilidade Trans na Bahia


Quinta-feira, 29 de janeiro de 2009. Salvador acorda mais colorida. Uma lona de quatro metros foi estendida na frente do Elevador Lacerda. A cidade foi invadida por exposições fotográficas onde as travestis eram o foco.

A Articulação Nacional de Travestis e Transexuais – ANTRA junto com a Associação de Travestis de Salvador – ATRAS, escolheram um dos cartões postais da capital baiana para fazer uma manifestação que, a exemplo das Paradas do Orgulho Gay, busca pacificamente interagir com a sociedade baiana, exigindo o respeito e cumprimento de direitos que lhes são conferidos constitucionalmente.

“Buscando respeito e reivindicando direitos iguais é que travestis e transexuais sairão às ruas nesse dia 29 de janeiro de 2009 para mostrar também que é possível viver numa sociedade justa e igualitária e num mundo mais respeitoso e digno”. Desta forma inicia-se o ofício encaminhado nacionalmente pela diretoria da ANTRA.

Por quê 29 de janeiro?

Essa data nasceu em janeiro de 2004 por conta do lançamento da Campanha Nacional: “Travesti e Respeito. Já está na hora dos dois serem vistos juntos: em casa, na boate, na escola, no trabalho, na vida”. Naquele dia 29 Trans adentraram o congresso nacional em Brasília para lançar nacionalmente essa campanha. A partir daí as 52 organizações afiliadas da ANTRA foram orientadas a sair às ruas nesse dia em todo o Brasil para mostrar as suas caras e consequentemente reivindicar, comemorar e cobrar.

Vale destacar que a iniciativa dessa campanha veio do movimento nacional de Trans e foi abraçada pelo Programa Nacional de DST/Aids, o maior parceiro e incentivador do movimento.

A entidade pioneira a promover a campanha foi o Grupo Identidade de Campinas. As instituições ainda estão se incorporando nessas atividades, mas já conta-se com uma grande mobilização nacional. Em 2009 aconteceram ações em todos os estados, que contaram com apoio de parceiros governamentais e não governamentais.

Em 2008 a ANTRA foi recebida em audiência na cidade de Brasília pelo ministro da saúde José Gomes Temporão, onde foi entregue um documento com várias reivindicações desse movimento. Para esse ano a ANTRA em parceria com a Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transgêneros - ABGLT está iniciando uma campanha nacional para solicitar às Secretarias de Educação a criação de portarias que aceitem as travestis e transexuais usando os nomes sociais no âmbito e convívio escolar, iniciativa já adotada pioneiramente pelo estado do Pará.

Os estados de Minas Gerais, Paraná e Piauí estão em fase de ajustes para a criação dessa portaria e alguns outros municípios também estão trabalhando já para essa iniciativa.
Além dessa campanha que ilustrará o dia Nacional da Visibilidade de Travestis, foram organizadas pelas associações diversas atividades como: pit stop, manifestações em parques, exposições, mostra de vídeos, paralisações em esquinas e ruas com mostra e distribuição de materiais informativos e educativos, audiências com gestores públicos, seminários.

Este é um dia que objetiva dar visibilidade às travestis, mas que deve contar com a participação e o compromisso de toda a sociedade baiana.
Travesti faz reivindicação na Câmara de Cruz das Almas

Em celebração ao Dia da Visibilidade Trans, comemorado nacionalmente em 29 de janeiro, uma travesti subiu pela primeira vez ao púpito da Câmara de Vereadores de Cruz das Almas, a 150 km da capital.

“Lorivete, negra e desempregada” como se definiu, usou os cinco minutos da Tribuna Livre dispensados à sociedade civil nas sessões ordinárias da Câmara. Apesar do pouco tempo de que dispunha, a travesti, que é membro da associação LGBT local, o Grupo LGBT OMNI, expôs o que era o Dia da Visibilidade Trans, agradeceu a parceria que a Câmara tem feito com a associação e cobrou o que vem sendo mote das campanhas e paradas do orgulho gay em todo o país: respeito à diversidade.