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quarta-feira, 8 de julho de 2009

Grito contra o que nos encolhe: Escravidão cordial! Só que dessa vez...


Naquele 22 de abril de 2009, nenhum nobre navegante português ousaria nos "descobrir". Descobertos fomos pelos olhos e pela voz do primeiro negro que, com altivez e coragem, no topo da nau capitânia do judiciário, admoestou o pretenso comandante.



Naquele 22 de abril de 2009, não caberia um 7 de setembro em que o filho do rei, futuro imperador do país, daria gritos de independência às margens de um riacho qualquer; ali, ouvimos o brado da liberdade e da insubmissão da voz abafada do povo, silenciada por séculos pelos donos do poder, através de sucessivos crimes de lesa-cidadania:



"Respeite, ministro! Vossa Excelência não tem condições de dar lição de moral em ninguém!"


Naquele 22 de abril de 2009 , nenhuma princesa "bondosa" assinaria uma vaga lei que nos concedia liberdade, mas nos cassava a condição de cidadãos, proibindo-nos o voto, a escola de qualidade e o trabalho digno; presenciamos, sim, a abolição proclamada em nossas almas, 121 anos depois, pela voz corajosa de um Luís Gama redivivo, encarnando todos os quilombos massacrados e abrindo os portões de todas assenzalas:



"Vossa Excelência não está nas ruas; está na mídiadestruindo a credibilidade de nossa justiça!"
Naquele 22 de abril de 2009, nenhum marechal, de pijama, ousaria proclamar república nenhuma; o pacto de poder que condenou a maioria de nossa gente a ser um povo de segunda classe viu-se desmascarado pela indignação patriótica de um João Cândido reeditado, que fez a chibata girar em movimento contrário, açoitando o lombo dos que seacostumaram a bater, por séculos a fio:


"Respeite, ministro! Vossa Excelência não está falando com seus ca pangas do Mato Grosso!"
Naquele dia, Ogum, Xango e Oxóssi desceram os três num corpo só e reafirmaram a presença arquetípica da África dentro de nós. Todos os movimentos aparentemente derrotados dos nossos heróis anonimos puseram-se de pé, vitoriosos, mesmo que não tivessem vencido uma sóbatalha. A Revolta dos Búzios, a Revolução dos Malês, o Quilombo dos Palmares, todos, reencenaram seus teatros de operação e puderam, séculos depois, derrotar simbolicamente o inimigo.


Naquele dia, saíram às ruas todas as escolas de samba, de jongo, todos os blocos afros; bateram os candomblés e as giras de umbanda, a procissão da Boa Morte, o Bembé do Mercado de Santo Amaro; brilharamos pequenos olhos da criança negra recém-nascida ao descortinar a luz azul de um futuro melhor.Naquele dia, materializando todos os nossos sonhos e desejossecularmente negados, Vossa Excelência deixou de ser apenas um ministro do Supremo Tribuna l Federal para tornar-se o supremo ministro de todos os brasileiros.


Texto: Jorge Portugal, baiano de Santo Amaro da Purificação, educador, poeta,membro do Cons. Nacional de Política Cultural secretaria@jorgeportugal.com.br
Fui apresentada a esse blog por NEGRA CHRIS!!!! Ê meu orgulhooooo!!!! Sou TIETE MESMO!
Fonte: REDE AFRO: http://redeafrolgbt.blogspot.com/ visitem.

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