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terça-feira, 29 de setembro de 2009

A outra parte vitima da Homofobia!

Ao publisher do Jornal da Metrópole, Mário Kertész
À redatora-chefe do Jornal da Metrópole, Ana Paula Ramos
Na edição do último dia 24 de julho, na página 2, o Jornal da Metrópole publicou uma nota que ironiza, desrespeita e considera “um absurdo” o fato de ter sido criado um grupo de pesquisa em Cultura e Sexualidade que adotou a sigla CUS. Em função disso, nós, integrantes do referido grupo, gostaríamos de repudiar a referida nota e esclarecer os seguintes aspectos:- a comunidade acadêmica e as demais pessoas que já tiveram acesso aos trabalhos publicados e/ou apresentados pelos integrantes do CUS (em eventos locais, nacionais e internacionais) , ao invés de considerarem a existência do grupo como um “absurdo”, têm destacado a sua importância e a qualidade do trabalho que vem sendo desenvolvido.
O grupo é formado por dez alunos e alunas de graduação da UFBA e da UFRB e duas mestrandas do Programa Multidisciplinar de Pós-graduação em Cultura e Sociedade, ou seja, todos são pesquisadores em formação. O grupo, um dos poucos do tipo existentes no Brasil, foi criado há menos de dois anos no interior do Centro de Estudos Multidisciplinares em Cultura, sediado na Facom/UFBA. Apesar disso, parte da produção do grupo já está disponível no site http://www.cult. ufba.br/pesq_ cult_sexualidade .htm;- nesse mesmo site, os interessados em conhecer o trabalho do grupo poderão entender porque adotamos a sigla CUS.
Não se trata apenas de uma provocação. Defendemos que as pesquisas inovadoras precisam provocar sim, mas nosso nome tem, na verdade, outros propósitos. O grupo estuda determinadas correntes teóricas, ainda pouco difundidas no Brasil, que possuem a proposta de positivar determinados insultos normalmente atribuídos à comunidade LGBTT (lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transgêneros) . Além disso, se realmente estudarmos as relações entre cultura e sexualidade, perceberemos como a cultura (e as forças – políticas, “científicas” e religiosas - que a movem) foram, ao longo dos tempos, atribuindo sentido, uso e escolhendo quais partes dos nossos corpos devem ou não ser erógenas e sexuais.
Quando isso fica claro, o estranhamento com o nome CUS perde força, pois o ânus passa a ser um órgão como qualquer outro do corpo humano, que merece ser pesquisado em todas as suas variantes, para além dos aspectos biológicos ou médicos;- em função disso, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (Fapesb), ao invés de ser questionada, deveria ser elogiada por ter entendido e apoiado o projeto de pesquisa do grupo, que analisa a representação de personagens LGBTT nas telenovelas da Rede Globo e no teatro baiano. Aliás, cumpre lembrar que a Fapesb apóia projetos que foram aprovados por três pareceristas especializados.
O apoio da Fapesb tem sido fundamental para estruturar e qualificar o grupo, especialmente por possibilitar a compra de livros nacionais e importados que não existem nas bibliotecas públicas da Bahia. Com certeza, com a formação desses novos pesquisadores, em um futuro próximo, ouviremos falar muito sobre o CUS.Por fim, destacamos que estamos à disposição para qualquer esclarecimento.
Atenciosamente,
Leandro Colling
Coordenador do CUS

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