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quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Travesti sai do PDT para o PT

Salete Campari muda de partido e vai para o PT; Leia entrevista







Por William Magalhães e Marcelo Hailer 16/6/2009 - 15:11 fonte: http://www.acapa.com.br/







Aproveitando a oportunidade de encontros e presenças proporcionada pela semana da Parada Gay, representantes dos setoriais LGBTs regionais do PT (Partido dos Trabalhadores) reuniram-se em São Paulo na última sexta-feira (12/06) para definir metas e discutir os rumos do partido na pauta gay.


No cerne das discussões, uma crise de identidade motivada pelo esvaziamento desses espaços políticos e a recente perda de espaço do PT para o PSDB (Partido da Social Democracia Brasileira) nas políticas públicas, que eram e são bandeiras históricas do partido e, claro, a necessidade e dificuldade de trabalhar nas bases a candidatura Dilma.


Na ocasião aconteceram novas filiações ao partido. Dentre as quais, destacam-se a da ativista Yone Lindgren, vice-presidente lésbica da ABGLT - Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais -, e da drag queen Salete Campari, que trocou o PDT (Partido Democrático Trabalhista) pelo PT.


A drag estava filiada ao PDT desde 2006, quando disputou a primeira eleição para deputada estadual. No ano passado, candidatou-se a uma cadeira da Câmara Municipal pelo mesmo partido e obteve quase 3 mil votos.


Salete, que já anunciou a disputa por uma vaga no legislativo em 2010, falou à reportagem de A Capa sobre a sua nova filiação. Leia abaixo a entrevista.

Por que trocar de partido?
Olha, porque na grande realidade acho que é a hora de Salete ir pra um partido que tem militância, onde vou ter mais apoio. Não estou dizendo que o PDT não me apoiou. Me apoiou demais. Foi um partido que fez a Salete ser conhecida no meio da política. Foi um partido que deu o respeito que a Salete precisava, dentro da comunidade. A Salete Campari, dentro do PT, vai ter apoio de pessoas como Toni [Reis, presidente da ABLGT], Beto de Jesus, Lula Ramires, o Julian [Rodrigues], como todo o pessoal que estava aqui. Isso é muito importante. Um político precisa ter uma militância. Dentro do PDT havia uma militância muito pequena e o PT é o único partido no Brasil que tem uma militância gay de verdade. Não que os outros não tenham, mas o PT tem essa diversidade na pele.


E como vai ficar a questão do setorial LGBT do PDT?
Vai continuar. Vou dar todo apoio, porque, afinal de contas, o gay tem que estar em todos os partidos. Quando era do PDT estava no setorial do PT também, fazendo tudo. Porque acho que essa discussão de política tem que estar em todos os partidos.


Você acredita que com a ida para o PT os seus votos aumentam e você terá mais visibilidade?
Olha, a grande realidade eu acho que dentro do PT já tenho visibilidade. Hoje [a entrevista foi concedida na sexta após a troca de partido] quando vim assinar minha filiação tive um deputado federal, que é o José Genoino, apoiando. Ele já chegou com o Toni Reis e com toda essa equipe de peso dando esse apoio para Salete. Isso para mim já é um ganho. Porque a eleição não se faz numa primeira, numa segunda, numa terceira. Um exemplo disso foi o Lula, que esteve aí anos e anos pra chegar à presidência. E eu só quero ser deputada estadual. E dependendo de vocês da imprensa, e de vocês meus amigos, a gente chega lá.

Como você tem avaliado o governo Lula?
Maravilhoso! Pra mim ele é maravilhoso. Do jeito que ele está a Dilma vai vir bem melhor. E Salete como pré-candidata tem que estar do lado do povo e o Lula está com o povo. O PDT também estava com ele, porque a gente tem o Ministro do Trabalho, que era o Carlos Lupi, que está junto com o presidente. Então, dentro do PDT, eu estava junto com ele também.


É verdade que já tem candidatos procurando você para fazer dobradinha - quando aparecem duas fotos nos santinhos de um político?
Sim, já tem. Tem o João Paulo, tem o Genoíno que confirmou em público. Isso é uma coisa... dentro do PDT eu só tinha uma dobradinha que era o Paulinho da Força, o presidente do partido, e que eu agradeço de coração. Ele me apoiou e falou que está de braços abertos e quem sabe dentro do PT mesmo eu não vou ter dobradinha com o PDT porque é um partido, é uma base. Então, isso é muito importante. Eu saí do PDT, mas com o movimento formado lá dentro. Saí com um projeto de vida para o partido e vou trazer pra esse outro que milita também, e que traga do PT essa experiência como o Toni, o Lula, pra fazer com que o PDT tenha um movimento gay. Porque o gay não tem que estar só no PT, tem que estar em todos os movimentos.


Salete, o vereador Carlos Apolinário era do PDT quando você entrou e agora está no DEM...
É, eu acho que quando estava lá eu venci. Ele saiu do partido e eu continuei. Isso foi muito interessante. Afinal de contas, quando eu entrei foi um protesto contra o Carlos Apolinário mesmo, que era o único vereador dentro da Câmara que vetava todos os projetos gays. Entrei porque achei que ele tinha que ver outro gay todo dia e ter de conviver. Porque o melhor jeito das pessoas aprenderem a viver com a diversidade é convivendo, e tendo respeito que a diversidade pode ter e tem que ter. Só o respeito constrói.


Como estamos falando de política. Como você avalia a nova gestão da Cads?
Olha, não dá um tempo de verdade de a gente falar. Posso falar da anterior, que era a do Cássio [Rodrigo], e era maravilhosa e que foi pra Santo André. Todo mundo está de parabéns. O que eu tenho a falar é que o Franco [Reinaudo], que está lá, é uma pessoa amiga e que recebe. Acredito, como ele está no comecinho, a gente não pode falar de um produto que a gente não tem tanta experiência. Ele chegou agora. Tem três, quatro meses que ele está lá, não sei. Você não pode falar que uma pessoa que está há quatro meses vai mudar. Porque ele já pegou um projeto maravilhoso e espero e acredito a Deus que ele continue fazendo o melhor. E agora não é só a Cads municipal. A gente tem a estadual também. Temos que trabalhar e correr atrás pra que isso aconteça.


Você já tem algum projeto em mente para a sua plataforma para as próximas eleições?
O primeiro projeto em mente é começar a fazer tudo direitinho dentro do PT para a minha candidatura sair perfeita. Segundo, meu projeto dentro do PT, são todos os projetos que o movimento tem. A Salete não é uma candidata de um projeto só. São todos. Isso é a primeira coisa. Uma Salete estadual, é uma coisa que a gente precisa é fazer com que isso venha à tona o mais rápido possível e que todos os políticos aproveitem esse momento de Parada Gay pra ver que isso é o máximo, que tem que estar lá e que ninguém faz nada. Também precisamos que essa Parada de 3 milhões de pessoas represente aqui no Estado, lá em Brasília, o poder da comunidade gay. A gente só vai poder fazer isso quando tivermos projetos aprovados.


O governador José Serra (PSDB) inaugurou essa semana o ambulatório voltado para o atendimento de travestis e transexuais. Como que você recebeu esta notícia?

Olha, eu vou ser bem sincera. Eu não posso criticar, porque o Serra fez o melhor projeto que temos em São Paulo, que é a Coordenadoria da Diversidade, que é maravilhosa. Tudo que é feito para a comunidade gay, não importa onde seja, é maravilhoso. Que seja no PT, no PSDB, no PMDB, no PSOL, tem que ser feito. Tem que ter projeto para a diversidade. Eu apoio ele e sendo pra comunidade gay ele já saiu na frente.

Foto: Lula Ramires

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