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sábado, 20 de março de 2010

Fiquei nu. Me ajoelhei e fiquei de quatro. Retirei um terço do ânus

XIII Salão de Artes Visuais da Cidade do Natal.


Abertura do salão. A performance durou, no máximo, quinze minutos. Fiquei nu. Me ajoelhei e fiquei de quatro. Retirei um terço do ânus. Levantei-me e me vesti.

A discussão que proponho é o ato de expurgar os jesuítas e seu discurso de civilização sobre os corpos/culturas indígenas e africanas. Uma resistência às fornicações coloniais dos jesuítas e colonizadores sobre os corpos indígenas/africanos brasileiros. Essa resistência é mais uma, como tantas outras que há e que houveram.

O outro ponto forte da obra é a referência ao ânus homossexual masculino como o lugar da morte. Na década de 80, nos EUA, surge a chamada "Peste Gay", a AIDS. Inicialmente compreendida apenas como uma doença exclusiva dos gays e indicada pela instituição católica como um castigo por desobedecer as regras heterossexistas do deus judaico-cristão.

No corpo do deus hindu Krishna, de acordo com os livros da coleção Upanishad, o ânus é considerado como o inferno, o lugar dos demônios. Dessa forma, o ânus é o lugar contrário a tudo que é sagrado. O terço representa a salvação através da oração. Uma salvação mítica que muitos gays acreditam haver para sublimar o fato de contrair uma doença sem cura. Como crítica, o ânus, lugar da morte gay, necessita da salvação, concedida pelo terço. Isso, de acordo com a nossa sociedade ocidental dominada pela instituição católica e imposta como única forma de compreender o mundo e as relações humanas.

Dessa forma, proponho a descolonização do meu corpo através da excretação do terço, um dos símbolos do domínio colonialista. E, ao mesmo tempo, expurgar a interdição católica sobre o prazer anal e a afirmar o prazer da sodomia. Como Judith Butler indica: Os corpos não se conformam.

A performance foi filmada e está exposta o vídeo no Salão, juntamente com o terço participante da performance.

Curadoria de Solon Ribeiro (CE), Marcio Harum (SP) e Leandro Garcia (RN).

Sites com a notícia:

http://revistacatorze.com.br/?p=1732

http://blogsaladeespera.blogspot.com/2010/03/rezando-o-terco-de-pedro-costa.html

http://www.substantivoplural.com.br/performance-e-tradicoes-classicas/


Release do Salão:
http://200.188.178.144/ver_noticia/34948/

Um comentário:

  1. Essa sociedade hipocrita e preconceituosa, que se diz soberana em questão do Estado, mas submissa as doutrinas religiosas. Temos que realmente mudar isso!

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