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sábado, 17 de abril de 2010

Lésbicas e a própria sexualidade

Por uma cultura tolerante e feliz


Quem descobriu um filão na internet foi a escritora Karina Dias, de 30 anos, que assumiu ser lésbica aos 18. Carioca, ela se mudou para São Paulo, onde vive com a companheira. Num dos sites que causam um verdadeiro frisson na web, ela reconhece que a maioria de suas leitoras lésbicas sente muita dificuldade em lidar com a própria sexualidade. "Várias só conseguem viver o amor delas na internet, lendo os romances e contos que escrevo."



O sucesso na internet foi tanto que Karina encontrou um novo nicho. A Editora Malagueta acaba de publicar Aquele dia junto ao mar, uma das histórias favoritas da autora de nove romances e um conto de temática lésbica postados na internet, entre os quais De repente é amor, Simplesmente irresistível, Quando o amor acontece.



Sócias nos negócios e casadas há seis anos, Laura Bacellar, de 49 anos, e Hanna Karich, de 53 anos, comemoram um ano de existência da Malagueta, em São Paulo, “uma editora de lésbicas para lésbicas, que oferece obras simpáticas e sem preconceito falando de amor e sexo entre mulheres”, explica Laura.


Além das duas, outras mulheres lésbicas se reúnem para escolher e publicar livros sobre a temática homossexual. “Queremos produzir livros que provoquem a imaginação, sejam divertidos e contribuam para que as lésbicas tenham uma vida feliz.”



No site www.editoramalagueta.com.br, elas explicam por que escolheram o nome Malagueta. “Adoramos cenas quentes, daí o nome da editora, que pretende criar uma cultura lésbica brasileira tolerante e feliz.”


Se depender do currículo de Laura, o empreendimento tem tudo para dar certo. Profissional respeitada no mercado editorial, com passagens pelas principais editoras de São Paulo, como a Summus, que publicou o livro Entre mulheres, de Edith Modesto. Foi Laura quem lançou o selo GLS dentro da editora paulista, o primeiro dedicado às minorias sexuais.



Segundo Laura, cultura lésbica significa “aumentar a visibilidade das homossexuais para que possam ser aceitas cada vez mais pela sociedade e por elas próprias. Diferentemente dos homens gays, somos ensinadas a ficar quietas”. Mas garante que a nova geração já começa a mudar esse comportamento, tornando-se menos invisível.


“Mesmo assim, tudo o que é produzido na nossa cultura é para mulheres heterossexuais, apesar de pesquisas do porte do Relatório Kinsey, que revelam que 10% das mulheres são lésbicas.”



Laura prefere falar mais nos avanços do que nos preconceitos. Ela, por exemplo, já se envolveu no movimento pela abertura da diversidade sexual e foi uma das responsáveis pelo crescimento da Parada do Orgulho GLBT, em São Paulo , portanto, pode afirmar: “A sociedade brasileira está se abrindo para a diversidade sexual. A maior demonstração é que a parada paulista se tornou a maior do mundo em número de participantes.


É impressionante como outras paradas ocorrem em todo o Brasil, em lugares distantes, como Crato, no Ceará. Em 2009, foram 170 paradas do orgulho gay pelo país, uma prova de que a sociedade está mudando e aceitando”.



INCORPORADA Como sinal de modernidade, hoje, “todo mundo tem um amigo gay, um casal de lésbicas que vai jantar na sua casa. É um bom sinal de que a homossexualidade está sendo incorporada. Ninguém mais acha que é contagiosa”. Os bolsões de resistência, segundo ela, estão nas religiões fundamentalistas, que “ainda têm muita resistência e ficam incentivando a discriminação”.



Laura e Hanna escolheram Minas Gerais para a realização de um encontro literário bastante descontraído em 6 de fevereiro. A Livraria Café com Verso, em Gonçalves, Minas Gerais, lá no alto da Serra da Mantiqueira, vai abrir as portas para uma conversa sobre literatura lésbica.


Participam Karina Dias, autora de Aquele dia junto ao mar, e as editoras Laura Bacellar e Hanna, que vão ler trechos das obras publicadas. É um convite para quem quer conhecer e falar sobre esse tema.

fonte: www.paradalesbica.com.br
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