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terça-feira, 20 de novembro de 2012

Igualdade Racial ganha selo pela SEPPIR

SEPPIR concede o “Selo Educação para a Igualdade Racial” ao IAT/SEC por ações entre 2007 e 2010

A SEPPIR acaba de premiar pelo trabalho desempenhado entre 2007 e 2010 o centro de aperfeiçoamento dos profissionais da Educação, Instituto Anísio Teixeira, vinculado à Secretaria da Educação da Bahia (IAT/SEC), com o Selo Educação para a Igualdade Racial.

No período citado -portanto, premiado!- o IAT criou o setor Grupo de Projetos Especiais (GPE) para desenvolver, entre outras coisas, um Programa de Formação Continuada de Professores para a Educação das Relações Étnicorraciais, ou seja, para a implementação das Leis 10.639/03 (que originou as Diretrizes Curriculares Nacionais para o ensino da História da África e Cultura Afrobrasileira) e 11.645/08 (que obriga o ensino da História da África e dos Povos Indígenas, das Culturas Afrobrasileira e Ameríndias). Este setor foi o responsável entre 2007 e 2010 por ações formativas como pesquisas, eventos e cursos planejados e realizados com o fim de promover uma Educação antirracista, que afirmasse as diferenças e estimulasse uma cultura de paz.

Muito do que foi planejado não foi materializado por diversos empecilhos que iam desde o contigenciamento de recursos até ao racismo institucional da Secretaria de Educação do estado mais negro do país, que resultara em condições muito precárias de trabalho. Porém, em nenhum momento nos faltou garra, confiança, disposição, determinação, objetividade e sobretudo SONHOS para colocarmos em prática o que lutamos por tantos séculos para conseguir!

Para uma educadora militante como eu, coordenar o GPE/IAT na gestão anterior e ver que todo o trabalho realizado ali tornou-se referência nacional hoje é uma grande honra e uma felicidade incomensuráveis!Faltam-me palavras para expressar a alegria de ver um esforço tão grande ser reconhecido em nível nacional!

Ao sair do IAT para assumir a função de professora do Instituto Federal Baiano, em maio de 2010, o setor passou a ser coordenado por Vera Rocha e em seguida, por Liane Amorim. Ambas trouxeram para o espaço ainda mais energia, coragem, persistência e inteligência. O brilhantismo com o qual driblaram os desafios da burocracia e das disputas políticas típicas de governo fez com que a formação para a Educação das Relações Étnicorraciais continuasse com o mesmo vigor e se mantivesse como prioridade naquela gestão do IAT/SEC. De cá de fora, só tenho a admirar a destreza e competência destas educadoras, mulheres e militantes.

Mas todo o trabalho não se fez possível sozinho. Para que experiências de cursos como o África Contemporânea: Práticas e Saberes; Africanidades e Educação; Educação em Ciência, Tecnologia e Relações Raciais, entre outros, além de eventos como a videoconferência de Angela Davis ou os Colóquios Milton Santos dentre tantas atividades de igual significado e importância acontecessem, precisou-se do empenho e dedicação pessoal da direção do IAT (na época, o professor Penildon Silva Filho) e da colaboração de todos os servidores daquele órgão, especialmente daqueles lotados no GPE, submetidos à pífios salários, mas alimentados diariamente dos desejos de transformação social. Sem o comprometimento destes agentes nenhuma das ações teria sido possível!

Mas este momento de vitória deve ser festejado e saboreado por cada um que integrou ações do Programa de Formação Continuada de Professores para a Educação das Relações Étnicorraciais do IAT/SEC entre 2007 e 2010, a saber:

os servidores e dirigentes do Estado que colaboraram com a execução dos projetos;
os quase 300 formadores: docentes (especialistas, mestres e doutores oriundos de movimentos sociais negros e de núcleos de pesquisa das universidades baianas, de outros estados e até países);
os parceiros: cerca de180 prefeituras municipais que firmaram convênio para a formação de seus educadores e os diversos movimentos sociais que integraram as atividades;
e finalmente os quase 4 mil cursistas (docentes e professores da rede pública da Bahia) que oportunizaram a troca de saberes, realimentando e redirecionando nossas práticas políticas e pedagógicas. São eles, os professores da escola pública, esquecidos e marginalizados, que ajudam a construir diariamente um Brasil livre de desigualdade, discriminação e preconceito a partir das milhares de salas de aula esquecidas nos rincões desse estado.

Ironia – A grande ironia é que a nova diretora do IAT pronuncia em público seu desdém para com as causas “premiadas” acima. Em seu discurso oficial de abertura da assembléia do Conselho Estadual de Juventude, em fevereiro de 2011, a nova diretora geral do IAT/SEC, prof. Irene Carzola, ratificou sem o menor constrangimento, o pensamento racista das elites brancas e conservadoras desse país. Ela se autodeclarou ser terminantemente contra a reserva de vagas para negros e índios no ensino superior e atribuiu às cotas sinônimos como “humilhação”, “esmola para negros” ou “entrada na universidade pela porta dos fundos, de cabeça baixa”.

Ironicamente quem vai receber o prêmio SELO EDUCAÇÃO PARA A IGUALDADE RACIAL na cerimônia em Brasília, no Dia Internacional pela Eliminação da Discriminação Racial, 21 de março, será ela e seu dileto correligionário, o secretário da Educação da Bahia, prof. Osvaldo Barreto que diz não se afinar com estas políticas afirmativas na Educação.
Fonte: Email Pessoal de Nelma Barbosa
Msc. Ciências da Educação (Université Lyon 2)

Msc. Cultura e Sociedade (UFBA)

Professora do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Baiano – IF Baiano

Militante do Partido dos trabalhadores


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