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segunda-feira, 29 de abril de 2013

Brasil, desafia o nosso peito a própria morte.


Não nos enganemos: tomaram o Brasil. Ideias elitistas são balbuciadas por bocas irresponsáveis e nem nos damos conta. Por quantas vezes já não nos deparamos com alguém que diz “bandido bom é bandido morto”, “se já vota, já pode ser preso”, “índio de verdade não existe mais”, “pena de morte é a solução”, “pobreza não é desculpa”? Por quantas vezes calaram nossas bocas para nos dizer que a utopia é algo que não se deve seguir? Meu medo é que deixem o Brasil nas mãos dessas pessoas.
Enquanto as classes minoritárias são esquecidas, grandes barões são alimentados por cofres públicos. Fala-se da educação brasileira e da desvalorização do professor. Fala-se da violência e da bala perdida que corta gargantas. Fala-se dos desmoronamentos de terra em áreas pobres. Fala-se do caos público e do quanto o Brasil é um péssimo lugar para viver. Mas pergunto: alguém já lhe falou sobre soluções? Em que muro se esconde a moral das pessoas que acreditam que a violência, usada para reprimir a violência, nos serve para alguma coisa?
Ações policiais são cada vez mais discriminatórias. Jovens são marginalizados. A valorização do intelecto dá lugar a uma educação voltada, único-exclusivamente, para o preenchimento de vagas no mercado de trabalho. Os negros continuam sendo maioria nas prisões e minoria nas universidades.  A orientação sexual é reprimida. Religiosos fundamentalistas espalham ódio. E nós? Há quem acredite que tudo está bem. Que tudo não passa de ideias de quem não tem o que fazer.  Há quem durma. Há quem chore.
Os debates são travados por pessoas que desconhecem a realidade. Opiniões mal formadas são jogadas no ventilador da ignorância e, de tanto serem repetidas, tornam-se verdade aos ouvidos daqueles que só ouvem. O problema é tentar tratar as falhas em sua superfície e esquecer o quão profunda uma ferida pode chegar a ser. Enquanto os policiais erguem seus cassetetes, cientistas sociais são tidos como loucos. O certo é usar o braço e não a mente. Eu tenho medo dessas ideias.
O pai que diz para o filho que homem não chora é o mesmo pai que não chorou quando criança. A mesma mãe que diz que a filha precisa lavar a louça por ser mulher, é a mãe que acreditou nos discursos machistas de uma sociedade doente. Como eu posso acreditar em conceitos velhos de família, se esses conceitos discriminam e ferem? Como confiar em uma sociedade individualista cujos preceitos de coletividade são perdidos em todas as ruas? Como posso parar para ouvir e acreditar em piadas de humor negro, enquanto, todos os dias, mutilam minha gente que nem tem voz para gritar?
E há quem ache que está tudo bem!? Está tudo bem. Esta afirmativa é, talvez, a pior piada que já ouvi. E é uma piada tão sem graça que não consigo entender por que é tão repetida. Levaram o Brasil para longe e pisam em sua bandeira quando abrem a boca para falar. És, Brasil, gigante pela própria natureza. Mas não és capaz de espalhar sua grandeza dentre seus filhos. Dentre outras mil, és tu, Brasil, quem esquece de seus filhos. Verás, Brasil, que um filho teu não foge à luta. Mas verás, em conjunto, de mãos dadas, quais dos teus filhos não nasceram para lutar.

Clarissa Damasceno Melo.
17 anos, estudante de Letras na UESC

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