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sábado, 28 de setembro de 2013

Bar LGBT aposta em novas ideias para revitalizar o Centro



Alguns ainda não desistiram. Não desistiram do Centro da cidade, da alegria, da criatividade. Mas há os que lamentam o estado das coisas em Salvador e ficam em casa ou enfronham-se num cardápio cultural repetitivo apresentado como se fosse novidade.

O francês Jean-Claude Chiroutte e o baiano Thiago Silva são dos que não desistiram. Abriram há oito meses o Cabaret 54, na avenida Carlos Gomes. Um cabaré, entenda-se, como espaço para diversão e arte. E uma homenagem a espaços antológicos como as boates Palais, em Paris, e o Studio 54, que fez história em Nova York.

"Na cultura francesa, cantores, transformistas, humoristas e clowns têm vez nos cabarés", diz Jean-Claude, enfatizando ter desejado a pluralidade de expressões artísticas para a casa desde o começo.

Divas
As noites de quinta-feira contam com o grupo Diva Box, que faz música ao vivo e estreou por lá. Formado pelos atores e cantores Fernando Ishiruji (teclado e voz), Ricardo Albuquerque (voz) e Paulo Lopes (violão e voz), eles cantam versões inspiradas de músicas de Christina Aguilera, Cher, Britney Spears, Rihanna e Cindy Lauper, entre outras, com performances impagáveis.

"Dei sorte de encontrar os dois que toparam a ideia e gostam tanto de música pop como eu", diz Fernando, que atuou no espetáculo Amor Barato (18ª montagem do Núcleo TCA).

Para ele, Diva Box é um show exatamente como queria fazer desde a adolescência. A originalidade está no formato, inexistente no meio. "O Cabaret 54 veio a calhar na noite GLS não só por oferecer um lugar bacana, mas por abraçar ideias diferentes e procurar fugir do óbvio está cavando seu espaço na noite LGBT", diz o ator.

Nas noites de quarta-feira, o poeta e diretor teatral João Figuer transforma-se num entertainer e faz uma espécie de revista cultural, o Quarta Boa, em que convida artistas de diversas linguagens para mostrar o que estão fazendo. E revela novos talentos.

Diretor do espetáculo Sou Transformista, sucesso de 2010 que percorreu vários teatros e cidades do Recôncavo, é comum que alguns integrantes da montagem passem por lá para uma canja.

Mas poesia e música também fazem parte das apresentações, em que diversão é palavra de ordem. "As pessoas estão esquecendo que teatro é entretenimento e estão mais interessadas em ganhar prêmio do que fazer coisas interessantes", afirma Figuer. "Quero que a noite gay da Carlos Gomes volte a ter vida. Estamos tentando".

O Cabaret 54 também tem espaço cativo, embora sem data programada, para o ator Jean Carlos com sua extraordinária personagem Mitta Lux que, além de conduzir as atrações da noite, faz dublagens de música nacionais.

Mitta surgiu do espetáculo As Moças do Sabonete, que Jean criou e dirigiu em Brasília, em 2007. Era para ficar uma semana em cartaz e durou seis meses.

Em 2009, depois de passar um carnaval em Salvador, decidiu ficar. E a cidade retribuiu, tanto que já ganhou vários concursos como, recentemente, o Miss Universe Gay.

Dos muitos locais em que se apresenta, avalia: "O Cabaret 54 é um ambiente mais pessoal e o público vai lá para assistir aos shows, diferentemente de boates em que há outros atrativos. É possível mostrar um show mais intimista".

Dois de Julho

A proximidade do Cabaret 54 com o Largo Dois de Julho, para Jean-Claude, é um trunfo. Desde que ele e Thiago chegaram aqui, em junho do ano passado, ficou encantado com o lugar onde moram.

"O Dois de Julho é maravilhoso, quero que esse lugar viva e viva em tranquilidade. Tem artistas e todos os tipos da sociedade. Não podemos deixar este bairro morrer, é a alma de Salvador", diz ele.

No que depender de Jean-Claude e Thiago, dos artistas que se apresentam por lá e do diverso público do Cabaret, isso nunca vai acontecer.

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