A cor surge do bater das asas e não da luz que se fragmenta. Dizemos que quando a arara voa ali reside um arco íris. Deus fez a arara para ter um exemplar com todas as cores. Mas ele adoeceu de catarata, seus olhos se azularam, enxerga agora com baixa visão.
Quem sabe um dia a arara ainda lembre ao próprio criador a diversidade das cores? Por que sabemos tão deformadamente o que são as cores? Pensamos que exista uma cor oposta a outra, que existe um tal branco que contém a multiplicidade em sua essência, mas que é um grave erro acompanhar esta perspectiva, uma submissão a Insanidade Maior.
Analisando essa teoria, chamada por mim de cegueira, são ordenadas as cores em pura loucura intelectual. Por exemplo, se divide em cores quentes e frias, como se as quentes fossem verdades e as frias aparências, o sol é quente, mas o mar é frio.
Quando se adentra na tradição de cultura popular veio mais fantasia ainda na tonalidade. Azul é masculino e rosa feminino, como se as cores possuíssem alma destinada no homem dominador e hipertrofiada na negação. O homem não pode ser uma arara autêntica, apenas se insistir as punições de castidade em uma arara azulada.
Devemos preservar as cores, pois elas estão extintas. Sempre (desde no ano zero), foram extintas, pouco visíveis. Importante guardar, pois a cor é como coringa. Estão em todos os corpos que correm, nos corações a bombear o sangue e ainda assim rara.
Querê Mundeus!
Darlon Silva,
Poeta.
Texto originalmente publicado no EM preposições.
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