Vote Em Nós

terça-feira, 29 de outubro de 2013

Constrangimento e proibição: o custo de ser transexual na hora de prestar o Enem


Segundo dados do Ministério da Educação, 5,05 milhões de estudantes prestaram o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) no último fim de semana (26 e 27). Algumas histórias foram contadas em detalhe, caso daqueles alunos que chegaram atrasados e perderam a prova, de outros que foram flagrados fotografando a prova e toda ordem de acasos e infelicidades que acontecem num evento envolvendo tanta gente jovem.
Um pequeno grupo passou por situação ainda mais delicada: por serem transgéneros, foram impedidos de entrar no local do exame ou sofreram vários tipos de constrangimento enquanto faziam a prova.
Falsidade ideológica foi a acusação contra um jovem que preferiu manter sua identidade em segredo na página “Homens Transexuais”, onde relatou seu infortúnio. Como seu RG contempla o nome feminino de batismo e sua foto pré-adequação de gênero, o documento não foi aceito e ele não conseguiu fazer a prova. Procurado pela reportagem, o jovem não respondeu aos pedidos de entrevista.



Porém, o seu relato deu início a uma série de outras reclamações de adolescentes que compartilharam histórias semelhantes. Foi o caso da mineira Beatriz Trindade , ,19, que teve seu documento checado por três aplicadores em uma faculdade em Sete Lagoas (MG): “Fiquei muito constrangida", disse ela para o iG. "Eles me perguntaram se era eu mesmo, falavam meu nome civil muito alto, mesmo eu tendo pedido para eles não fazerem isso”, relata ela.

Além da dificuldade de obter a autorização dos profissionais para realizar a prova, Beatriz ficou em uma sala composta majoritariamente por homens, devido ao seu nome biológico. “Como é por ordem alfabética, acabo sempre entre os meninos”, explica ela.

Essa não foi a primeira vez que a candidata passou por situação parecida. Já cursando a faculdade de direito, optou por realizar o exame de novo este ano, apenas como teste. Uma coisa não mudou: o jeito como ela foi tratada. “Já estou fazendo direito, algo que sempre quis fazer. Fiz o Enem apenas como experiência, e de novo tive problemas com nome social, assim como no ano passado, e tenho toda vez que procuro algum serviço público, hospitais, etc.”

Sobre o que gostaria que acontecesse daqui para frente, após os sucessivos incômodos, Beatriz é enfática: “Bem, na verdade gostaria de ter um pouco mais de visibilidade. Nós (transgêneros) somos marginalizadas por toda a sociedade”, responde.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe aqui suas impressões!

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...