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terça-feira, 22 de setembro de 2009

Pré-definições e pré-conceitos: Estudos derrubam mitos sobre as lésbicas

por Maria Augusta Brandt, da Redação

Até que ponto o preconceito é uma forma de controle e poder social e de que forma as mulheres sofrem com a marginalização do lesbianismo


Lésbicas são pessoas amargas; são mulheres mal amadas; no fundo, queriam ter nascido homens; namoram com mulheres porque não conseguiram arrumar um homem. São muitas as opiniões pré-definidas e os pré-conceitos formados acerca da sexualidade feminina.

Opiniões populares reforçadas por obras literárias e cinematográficas, programas televisivos, estudos científicos e acadêmicos. Todos, sem dúvida, muito bem aceitos e constantemente reproduzidos pela cultura e sociedade heterossexista.




De acordo com a estudiosa Marilena Chauí, em seu livro Repressão Sexual – Essa nossa (des)conhecida, a partir da psicanálise considera-se a sociedade ocidental, judaico-cristã, como uma sociedade falocrata (phalo = pênis; krathós = poder) e patriarcal.


Nessa sociedade o pênis, enquanto objeto simbólico, é representado como a origem de todas as coisas (poder criador), como autoridade e como sabedoria. Além de todas essas representações, é tido, também, como aquilo que a mulher não possui e deseja. E, dessa forma, a mulher é vista como um ser que se caracteriza sexualmente pela inveja do pênis.

É a partir dessa representação da mulher, enfraquecida pela inveja e pela falta de poder proveniente da sua sexualidade, que são criados diversos mitos ocidentais relativos ao lesbianismo (e outras orientações sexuais) e, inclusive, é a partir daí que a heterossexualidade tem tanta força social.

Considerando essa relação de mitos entre a imagem da mulher lésbica e a sociedade ocidental, a ativista espanhola Raquel Platero (tantas vezes já citada), autora do livro Lesbianas – Discursos y representaciones, traça um perfil do lesbianismo através dos anos e traz referências importantes acerca da sexualidade da mulher e suas representações.


Uma análise bem interessante é sobre a representação da mulher na pornografia heterossexual, na qual podemos notar diversos mitos relacionados às lésbicas, como o do “sexo inacabado” e, também, a imagem da mulher feminina e heterossexual, pronta para satisfazer o desejo masculino por duas mulheres.

Seguindo essa linha de novos livros e novos estudos sobre o lesbianismo, desprovidos de preconceitos idéias já estabelecidas, surgiu também o livro da jornalista Stephanie Arc, As lésbicas – Mitos e verdades (136p., R$31,00), um lançamento das Edições GLS. Neste livro a autora aborda conceitos já formados, arraigados na cultura popular e que são reproduzidos erroneamente.


Além disso, traz exemplos históricos e literários, conhecimentos atuais sobre os lesbianismo e suas novas interpretações e traça um perfil detalhado das lésbicas ao longo da história e sobre o mito da “origem” da homossexualidade. “Elas mantêm relacionamentos consentidos entre adultos, sem nenhum crime ou violência. E, no entanto, na maioria dos países essas mulheres são recriminadas, agredidas e às vezes assassinadas, em função de sua preferência amorosa”, afirma Stephanie.

A obra está dividida em três capítulos: “Retrato das lésbicas”; “Origens da homossexualidade”; e “Lésbicas e sociedade”. De acordo com a autora, “analisar as idéias preconcebidas sobre as lésbicas permite, portanto, combater os preconceitos, terrivelmente autoritários, que formam a base da lesbofobia, mas também compreender como foram constituídas as marcas atuais da comunidade homossexual, com relação a linguagem, moda, locais e cultura”.


Finalmente estudos relevant$es e sérios acerca da sexualidade feminina. Sem dúvida, uma obra para ser lida a qualquer tempo, por todos aqueles livres (ou que desejam livrar-se) de preconceitos e idéias discriminatórias.


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