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terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Madalena, o teatro das oprimidas.

Madalena, o teatro das oprimidas

O Centro de Teatro do Oprimido realiza no Brasil, Guiné-Bissau e Moçambique, países da África lusófona, de janeiro a maio de 2010, o Laboratório Madalena. Trata-se de uma experiência cênica voltada exclusivamente para mulheres empenhadas em investigar as especificidades das opressões enfrentadas pelas mulheres e em atuar para a criação de medidas efetivas que contribuam para a superação dessas opressões e para a igualdade dos gêneros.

Ney Motta

Sempre buscando inovação nos processos de trabalho e aprofundando as pesquisas sócio-culturais das opressões, o Centro de Teatro do Oprimido realiza no Brasil (Ceará e Rio de Janeiro), além de Guiné-Bissau e Moçambique, países da África lusófona, de janeiro a maio de 2010, o Laboratório Madalena. Trata-se de uma experiência cênica voltada exclusivamente para mulheres empenhadas em investigar as especificidades das opressões enfrentadas pelas mulheres e em atuar para a criação de medidas efetivas que contribuam para a superação dessas opressões e para a igualdade dos gêneros.

Segundo a socióloga Bárbara Santos, a experiência busca percursos de expressões estéticas e narrativas a partir do corpo feminino, esse corpo que ao longo dos séculos permaneceu escondido, protegido e oprimido pelo corpo masculino e hoje parece protagonizar, como objeto e sujeito, a ribalta de nossa sociedade midiática.

O corpo da mulher despido, exibido, sensual, trivial, reinventado, prostituído, espremido e despedaçado nos outdoors, nas páginas das revistas, nas passarelas da moda e do samba, é o melhor veículo para venda de qualquer produto. É no corpo feminino que se trava hoje, mais do que no masculino, o embate entre os hábitos ancestrais e a defesa dos direitos humanos fundamentais. Essa condição comporta ilusões, feridas, contradições e uma busca urgente de significados.

O ponto de partida para o Laboratório Madalena ocorreu em dezembro de 2009 com duas oficinas no Rio de Janeiro, sendo uma delas composta por um grupo de trabalhadoras domésticas nordestinas. A partir de janeiro de 2010, pelo menos quatro laboratórios acontecem no Ceará, Rio de Janeiro, além de Guiné-Bissau e Moçambique, países da África lusófona. As produções artísticas resultantes desses laboratórios (peças, performances, esculturas, pinturas, instalações, poesias, músicas etc) circularão localmente, estimulando a discussão pública a respeito das opressões e violência contra o corpo da mulher, mesmo em tempos de revolução de hábitos e vivências e da emancipação da mulher em diversos contextos sociais.

Vencedor do Prêmio Interações Estéticas – Residências Artísticas em Pontos de Cultura, com patrocínio do Ministério da Cultura/Funarte e realização do Centro de Teatro do Oprimido em parceria com Alessandra Vannucci, diretora teatral italiana, premiada no Brasil com o Prêmio Shell 2006 por ‘A descoberta das Américas’ e na Itália com o Prêmio Arlecchino d’Oro 2007 por ‘Arlecchino all’inferno’, o Laboratório Madalena integra a residência artística da diretora no Projeto Teatro do Oprimido de Ponto a Ponto.

As experiências cênicas do ‘Laboratório Madalena’ estão sendo desenvolvidas por Alessandra Vannucci e Bárbara Santos, socióloga e curinga (1) do Centro de Teatro do Oprimido, que possui larga experiência na formação de grupos populares no Brasil e na África, além de coordenar de programas de formação. A participação das mulheres segue por meio de uma convocatória pública distribuída e replicada, utilizando-se especialmente a internet.

Para apresentar os primeiros resultados da pesquisa, no dia 28 de maio, no Largo da Lapa, Rio de Janeiro, acontecerá o evento Madalena ocupa a Lapa, com apresentação de peças, performances, poesias (Madalena Encena), esculturas, pinturas, instalações (Madalena Expõe), show musical comandado por mulheres (Madalena Canta) e lona de discussão sobre a situação da mulher na sociedade atual (Madalena Debate).

A experiência está sendo registrada para o documentário Madalena e será publicada na Metaxis, a Revista do Centro de Teatro do Oprimido.

(*) Ney Motta é assessor de comunicação do Centro de Teatro do Oprimido e editor de conteúdo do www.cto.org.br

(1) Artista com função pedagógica, praticante, estudioso(a) e pesquisador(a) do Teatro do Oprimido, um(a) especialista em constante processo de formação

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