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domingo, 16 de maio de 2010

Partido da Mulher Brasileira na Bahia por Rose Rozendo.

Sex, 14 de Maio de 2010 14:31

Por João Eça

O Partido da Mulher Brasileira (PMB) está a poucos passos de ingressar de maneira absoluta na vida política brasileira. Fundado em 2005, o partido se encontra na fase final de captação de assinaturas de apoiamento, em todos os Estados brasileiros. Esta assinatura é o mecanismo pelo qual a sociedade brasileira diz sim a criação de uma legenda política. Somente após esta validação é que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) autorizará o PMB a concorrer nas eleições. Na Bahia, a luta pela consolidação do Partido da Mulher Brasileira é comandada por Rose Rozendo, presidente da comissão provisória da sigla. Nesta entrevista ao Teia de Notícias, Rose fala sobre o partido e pede o apoio da população brasileira. Natural do município de Taperoá e formada em contablidade, ela começou a sua luta no Coletivo de Mulheres do Calafate, há 17 anos, e desde então vem lutando pelos direitos do público feminino. Em 2008, Rose chefiou o gabinete da Superintendência de Políticas para Mulheres da prefeitura de Salvador.


Teia de Notícias: O que é o PMB?

Rose Rozendo: É o Partido da Mulher Brasileira, que surgiu em 2005. E por que fundar um partido da mulher? Em primeiro lugar, nós somos 53% das eleitoras, mas somos menos de 10% nas Câmaras Legislativas de todo o Brasil. Começamos a pensar em como inserir mais mulheres neste espaço de poder que é a Assembleia Legislativa. Começamos a perceber que os partidos não cumpriam as cotas mínimas de 30% de candidatas mulheres. Simplesmente, o que ocorria era que os partidos colocavam uma ou duas mulheres, para cumprir a cota, ou então colocavam “laranjas”, mulheres sem nenhuma legitimidade. Além do mais, muitos dos partidos não contribuem financeiramente com nenhuma destas meninas. As mulheres concorriam ao pleito, mas não tinham nenhuma condição de deslanchar na campanha.

TN: Quais os objetivos do PMB?

RR: O objetivo principal é aumentar o número de mulheres nas Câmaras Legislativas.

TN: O PMB já é um partido de fato? Já pode concorrer nas eleições?

RR: Já é um partido, autorizado pelo Supremo Tribunal Eleitoral (TSE). Mas não é um partido que já tenha condições de entrar no pleito porque nós estamos em um processo de coleta de assinaturas.

TN: Como é este processo?

RR: O TSE é a instituição que autoriza a criação dos partidos no Brasil. Desde que demos entrada no processo para a criação em 2005 e esta etapa terminou em 2009. A partir de 2009, passamos para a fase de coleta de assinaturas. Temos de conseguir 0,5 do total de votantes em cada Estado para constituir os diretórios. Na Bahia, nós precisamos de aproximadamente 33 mil assinaturas de apoiamento. Começamos aqui no mês de março, visitando comunidades, escolas, faculdades, associações. O TSE autoriza a criação do partido, mas quem valida é a sociedade brasileira. Nós precisamos da ficha de apoiamento para que a sociedade brasileira diga que é viável ter um partido deste no país. Após as assinaturas, nós solicitamos aos tribunais regionais eleitorais uma certidão e aí sim o partido estará de fato constituído.

TN: Como está a aceitação dos baianos ao PMB?

RR: A aceitação está muito boa. Nós temos muitas pessoas que nunca pensaram em ser filiados a partido, como eu. Eu milito no movimento de mulheres há 17 anos, sou feminista, faço o feminismo que nós chamamos de feminismo negro. Eu sempre fiz uma linha mais de esquerda, mas nunca me filiei a partido nenhum. Eu sempre disse que o meu único partido era o partido das mulheres. Um determinado dia, eu conversando com uma amiga minha, a gente falou: “Vamos fundar um partido?” Iríamos colocar exatamente o mesmo nome, Partido da Mulher Brasileira. Uma semana depois, essa amiga me mandou um e-mail dizendo que já existia um partido político da mulher brasileira. Fizemos contato com as meninas do Rio de Janeiro e eu resolvi abraçar a luta.

TN: Como a população pode fazer para assinar a ficha de apoiamento necessária à consolidação do PMB?

RR: No nosso site tem a ficha de apoiamento (clique aqui e acesse a ficha). Quem tiver dificuldade, é só mandar um e-mail para mim que eu envio a ficha e também vou buscá-la, depois de preenchida. Ainda não temos sede fixa. Os nossos telefones de contato são (71)9946-5117 ou 3234-5631. E os e-mails são bahia@pmb.org.br Este endereço de e-mail está protegido contra spambots. Você deve habilitar o JavaScript para visualizá-lo. ou roserozendo@gmail.com Este endereço de e-mail está protegido contra spambots. Você deve habilitar o JavaScript para visualizá-lo. . No dia 22 de maio, estaremos recolhendo assinaturas lá no evento Ação Global, que será realizado no Parque de Exposições, em Salvador.

TN: O PMB vai ser mesmo diferente ou vai ser mais um partido para a população brasileira desacreditar?

RR: Nós podemos fazer diferente, a gente pode aumentar a credibilidade do parlamentar, da vida pública e política. A gente sabe que a sociedade já está muito descrente diante de tantos escândalos e corrupções. Se a gente for fazer uma análise, o índice de mulheres nestas corrupções é quase zero. Ou a gente enfia o pé na porta ou ninguém vai abrir a porta pra gente. Quem está no poder não quer sair.

TN: Quando o PMB poderá concorrer nas eleições?


RR: A nossa meta é que agora em 2010 nós já estejamos com o número do partido. E em 2011 começaremos a estudar quem seriam as possíveis candidatas. Eu pretendo realizar junto com o diretório da Bahia dois anos de formação e capacitação. Porque a gente sabe que não basta somente nascer mulher, como não basta só nascer homem, temos que construir mulheres e homens sensíveis às questões sociais, de gênero, de etnia.

TN: Quantas assinaturas de apoio o PMB já conseguiu na Bahia?

RR: Não temos ainda este levantamento. No Rio de Janeiro já tem mais de 50%, em São Paulo também. Como o PMB começou no sul, elas estão bem a frente do Nordeste.

TN: Já que vocês não vão concorrer nas eleições 2010, já decidiram se irão apoiar algum candidato ou partido?

RR: Nós estamos com uma campanha aqui na Bahia, a mesma da Secretaria de Políticas para Mulheres, para lutar por mais mulheres no poder. A proposta é divulgar e disseminar nas comunidades a proposta de votar em mulheres. A gente vai elencar as mulheres que estão na disputa e dar um leque de opções para a população votar. O período eleitoral será um momento de divulgação do partido e abraçar todos os homens e mulheres que querem participar do partido.

TN: E na campanha presidencial, o PMB tem alguma preferência, ou por Dilma Roussef (PT) ou por Marina Silva (PV)?

RR: Por enquanto, não temos um consenso sobre quem iremos apoiar. Fico feliz pois temos como candidatas duas mulheres fortes, com muita personalidade.

TN: As ideias de Dilma e Marina estão de acordo com o pensamento do PMB? Elas poderiam ser candidatas pelo partido?

RR: Sim, mas com a Marina Silva teríamos que acertar algumas coisas antes. (risos)

TN: Os homens podem se filiar ao partido?


RR: Sim. O PMB será composto por 70% de mulheres e 30% de homens. A gente precisa também trazer companheiros sensíveis à causa. Não somos um partido sexista. Lutamos pela igualdade dos gêneros.

TN: Aqui na Bahia, não tem nenhuma mulher concorrendo ao governo do Estado. O PMB local tem preferência por algum candidato?

RR: Como a gente não tem necessariamente obrigatoriedade de fazer nenhuma coligação agora, vamos nos permanecer neutros e a militância está liberada para que faça a sua melhor escolha.

TN: Quais as principais bandeiras de luta das mulheres pelas quais o PMB irá lutar?

RR: Nós precisamos de igualdade no mundo do trabalho, precisamos reduzir o índice de violência conta a mulher. Recentemente, uma adolescente de 14 anos foi assassinada pelo namorado que não aceitou o rompimento do relacionamento. As mulheres estão morrendo cada vez mais cedo. Nós temos de lutar por mais escolaridade. Tem muitas mulheres que dependem economicamente dos homens e se submetem a processos de violência, humilhações. Outra coisa que vamos trabalhar é a identidade étnico- racial, porque se já é difícil para uma mulher, é ainda mais se esta mulher for negra.

TN: Você citou o caso da adolescente assassinada pelo namorado. Onde está o erro no combate a violência contra as mulheres?

RR: Falta tudo. Faltam delegacias especializadas, nós só temos uma Vara para os casos de violência contra a mulher. Falta também a reeducação do agressor. Homem nenhum nasce agressor. Ele se torna agressor. Ele precisa desaprender a ser agressor. Passar por um processo de reeducação. Pelo processo de construção social, o homem acha que a mulher é posse dele, e quer exercer poder de mando.

TN: Os problemas enfrentados pelas mulheres baianas são iguais aos dos outros Estados ou aqui tem algum problema que é específico da gente?

RR: O problema incomum aqui na Bahia é a questão racial. As mulheres negras baianas sofrem mais, é um aspecto enraizado da cultura que precisa mudar.

TN: Em relação ao tema aborto (a legalização ou não), qual é a posição do PMB?


RR: Não temos esta discussão ainda em nível nacional. Particularmente, eu acredito que temos um Estado laico, que não é o mandatário absoluto do poder. Quem tem o direito de decidir é o cidadão, o Estado tem de dar a opção de escolha. Inicialmente, precisamos garantir a seguridade dos abortos legais, nos casos de estupro, riscos de vida a mãe, entre outros. Nestes casos, as mulheres ainda precisam de autorização judicial. O ideal é que, nos casos de estupro, por exemplo, se ela está com o boletim de ocorrência, deveria ser encaminhada pra uma rede de atendimento de saúde. Hoje temos atendimento no Iperba, mas ainda é muito insignificante. A principal causa de morte materna em Salvador atualmente é por abortamento. É uma questão de exclusão social. Se a gente tem um grande incide de mortalidade por abortamento, quem é que está morrendo? A gente está exterminando as mulheres negras. Elas fazem aborto em clinicas fundo de quintal e quando chegam à maternidade alguns profissionais de saúde deixam elas por ultimo na fila, tratam de forma desumanizada. Isto resulta em muitas mortes.

TN: Já no caso das mulheres que têm relativa condição financeira...

RR: A mulher branca, que mora aqui na Barra, que engravidou do colega do colégio, que está no terceiro ano, que vai fazer vestibular para medicina, ela entra em uma clínica, aborta e ninguém vai saber. Os projetos de legalização do aborto e de realização do plebiscito para que a sociedade opine e decida tramitam há anos no Congresso Nacional e nunca são votados.

TN: Não teme que o PMB seja um partido monotemático, não consiga muitos votos e receba as mesmas críticas feitas a Cristóvão Buarque por causa da educação e a Marina Silva, pela defesa do meio ambiente?

RR: O PMB não é mono. Quando a gente fala na luta da mulheres a gente não pode esquecer que ela é uma cidadã, uma mãe. Aí vem varias lutas: se é mãe precisa de creches, igualdade de direitos, e assim por diante. Temos cinco eixos de atuação, envolvendo várias as linhas de políticas públicas.



Fonte:http://www.teiadenoticias.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=1594:partido-da-mulher-brasileira&catid=2:entrevista&Itemid=9

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