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domingo, 11 de julho de 2010

Playboy cria polêmica ao homenagear SARAMAGO

*Por Raquel Cozer,
Agencia Estado São Paulo.
Se para o Vaticano a mente de José Saramago esteve sujeita a uma “desestabilizadora banalização do sagrado” - conforme artigo publicado no “L’Osservatore Romano” em 19 de junho, um dia após a morte do escritor -, uma recente homenagem ao português deixou vários de seus admiradores desestabilizados com o que entenderam como uma espécie de banalização da sua obra.

Trata-se do ensaio de capa da “Playboy” que chegou às bancas de Portugal no dia 1.º de julho e que conseguiu, ao mesmo tempo, reunir críticas e elogios tanto de fãs do autor quanto daqueles que condenavam seu ateísmo. Numa espécie de Pietá com papéis invertidos, um homem representando Cristo apoia uma mulher seminua e tatuada no colo, sobre uma cama em cuja cabeceira lê-se a inscrição “O Evangelho Segundo Jesus Cristo” - nome do livro de 1991 que acirrou a briga entre Saramago e a Igreja Católica.

A chamada principal da revista é para entrevista com o escritor, a mesma que foi publicada em 1995 pela Playboy brasileira. A conversa vem acompanhada por ensaio no qual o personagem aparece cercado de mulheres seminuas em situações variadas: num “flagrante” de prostituição; numa cozinha, perto de uma mulher armada; observando uma cena de lesbianismo, etc.

A publicação teve suas fotos reproduzidas em sites de vários países, como Brasil, Espanha, EUA e Inglaterra, e dividiu internautas. O site Gospel+, por exemplo, publicou a capa com uma tarja, mas deu o link para a imagem original, argumentando que não publicaria “qualquer conteúdo pornográfico, tão pouco essa agressão e desrespeito a nossa fé”.

Uma jornalista do Departamento de Comunicação da revista disse que “parece que as pessoas não entenderam bem o conceito”. “Elas se esquecem de que o verdadeiro conceito da Playboy é ser uma revista interventiva, que desafia a refletir. O que fizemos foi usar uma produção para falar da obra de José Saramago. Não falamos mal de Jesus, falamos bem, porque Jesus defendia as mulheres.”

As imagens, explicou, referem-se a situações como a violência doméstica, o aumento da prostituição e o direito ao casamento homossexual. O editor de Saramago em Portugal, Zeferino Coelho, avaliou como “ boa” a iniciativa da revista. “Com a morte dele saíram muitas homenagens, e essa é mais uma. É válida.” Com circulação de 80 mil exemplares, a Playboy portuguesa existe desde abril de 2009 e é, segundo o Departamento de Comunicação, “mais ousada que outras revistas masculinas do país”.


Fonte: A tarde on line. http://www.atarde.com.br/mundo/noticia.jsf?id=4729764


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