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segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

“Fela, Essa vida Puta!”




"Dá gosto de ouvir Fela Kuti e sentir toda sua raiva, toda a sua crítica potente à hipocrisia do mundo branco, eurocêntrico, ocidental. É a música de quem não quer caridade e impõe respeito em sua luta por justiça." Chico César


Ouvir Fela Kuti nos traz um sentimento imediato de África, por que sua música mescla muitos elementos da identidade africana, mas não apenas por isso, a música de Fela é um profundo reflexo da grandiosidade de sua vida, de seu modo de ver o mundo, de desejar espalhar alegria, da rebeldia da contestação, da defesa de seu povo.

Fela nasceu na Nigéria, viveu entre 1938 e 1997, era um homem incomum... se casou com 27 esposas, foi o principal expoente multi instrumentalista africano do mundo, lançou mais de 70 discos, fundou uma república (Kalakuta) e inventou seu próprio gênero musical – o afrobeat – que ainda influencia cenários musicais em todo o mundo. Mas Fela talvez tenha sido o artista internacional mais espancado, preso e vítima dos mais absurdos abusos dos governos nigerianos e sua polícia.

A República da Kalakuta por exemplo, uma residencia onde ele trabalhava e morava com suas 27 esposas, foi invadida por policiais, que estupraram várias de suas mulheres, jogaram sua mãe idosa do primeiro andar e depois incendiaram a casa... Esse é apenas um dos episódios que também fizeram sua vida marcada por brutalidade e desumanidade, também responsável pelos desequilíbrios mentais e enclausuramento que marcaram os últimos anos de sua vida.

A História de Fela também é contada pela trajetória das mulheres com quem ele conviveu, sua consciência negra é iniciada com a Pantegra negra Sandra Smith:

"Não fosse Sandra Isidore, Fela talvez não haveria se tornado uma lenda real africana de hoje. Seu legado é o corte seco pan-africanista. Seu trabalho rasga todas as Américas. Ensina a não sermos vitimas, ensina-nos a sermos atores principais nesta guerra que travamos até hoje contra a dominação do pensamento europeu." Don Perna

Ouvir sua música depois de conhecer sua história através do Livro “Fela, essa vida puta – bibliografia autorizada” de Carlos Moore, é ter contato, segundo o próprio autor, com “um legado complexo e contraditório, às vezes desconcertante ou irritante, que agora pertence a todos nós: para aceitarmos ou criticarmos, admirarmos ou censurarmos, mas sempre tendo em mente o alto preço que ele teve que pagar para permanecer fiel a seus ideias anticonformistas, pan africanos e antirracistas. Nós o amamos pela exposição que fazia de nossa hipocrisia social; por seu ousado distanciamento transgressivo da conformidade. Nós o amamos por sua defesa aos menos favorecidos, por seu comprometimento sincero com os oprimidos e por seu amor apaixonado pela África."

Fela, um gênio, mas também um homem imperfeito, deixou grandes legados não só com a música, mas com a persistência de seu ativismo que não se rendeu aos sistemas racistas em que conviveu na Nigéria.

"Se eu quero deixar uma marca no mundo? Não. De jeito nenhum. Sabe o que eu quero? EU QUERO QUE O MUNDO MUDE. Eu não quero ser lembrado. Eu quero fazer minha parte e ir embora. Eu tenho que fazer minha parte. E todo mundo tem que fazer a sua. Não pelo que você vai ser lembrado, mas pelo que você acredita como ser humano. É pra isso que todo mundo devia vir ao mundo. Se você quer fazer as coisas por que quer ser lembrado, você só está fazendo por motivos pessoais. Faça as coisas simplesmente por que você acredita nelas. Um ser humano devia ser assim." Fela Kuti

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