"Dá gosto de ouvir Fela Kuti e sentir toda sua raiva, toda a sua crítica potente à hipocrisia do mundo branco, eurocêntrico, ocidental. É a música de quem não quer caridade e impõe respeito em sua luta por justiça." Chico César
Ouvir
Fela Kuti nos traz um sentimento imediato de África, por que sua
música mescla muitos elementos da identidade africana, mas não
apenas por isso, a música de Fela é um profundo reflexo da
grandiosidade de sua vida, de seu modo de ver o mundo, de desejar
espalhar alegria, da rebeldia da contestação, da defesa de seu
povo.
Fela
nasceu na Nigéria, viveu entre 1938 e 1997, era um homem incomum...
se casou com 27 esposas, foi o principal expoente multi
instrumentalista africano do mundo, lançou mais de 70 discos, fundou
uma república (Kalakuta) e inventou seu próprio gênero musical –
o afrobeat – que ainda influencia cenários musicais em todo o
mundo. Mas Fela talvez tenha sido o artista internacional mais
espancado, preso e vítima dos mais absurdos abusos dos governos
nigerianos e sua polícia.
A
República da Kalakuta por exemplo, uma residencia onde ele
trabalhava e morava com suas 27 esposas, foi invadida por policiais,
que estupraram várias de suas mulheres, jogaram sua mãe idosa do
primeiro andar e depois incendiaram a casa... Esse é apenas um dos
episódios que também fizeram sua vida marcada por brutalidade e
desumanidade, também responsável pelos desequilíbrios mentais e
enclausuramento que marcaram os últimos anos de sua vida.
A História de Fela também é contada pela trajetória das mulheres com quem ele conviveu, sua consciência negra é iniciada com a Pantegra negra Sandra Smith:
"Não fosse Sandra Isidore, Fela talvez não haveria se tornado uma lenda real africana de hoje. Seu legado é o corte seco pan-africanista. Seu trabalho rasga todas as Américas. Ensina a não sermos vitimas, ensina-nos a sermos atores principais nesta guerra que travamos até hoje contra a dominação do pensamento europeu." Don Perna
A História de Fela também é contada pela trajetória das mulheres com quem ele conviveu, sua consciência negra é iniciada com a Pantegra negra Sandra Smith:
"Não fosse Sandra Isidore, Fela talvez não haveria se tornado uma lenda real africana de hoje. Seu legado é o corte seco pan-africanista. Seu trabalho rasga todas as Américas. Ensina a não sermos vitimas, ensina-nos a sermos atores principais nesta guerra que travamos até hoje contra a dominação do pensamento europeu." Don Perna
Ouvir
sua música depois de conhecer sua história através do Livro “Fela,
essa vida puta – bibliografia autorizada” de Carlos Moore, é ter
contato, segundo o próprio autor, com “um legado complexo e contraditório, às vezes
desconcertante ou irritante, que agora pertence a todos nós: para
aceitarmos ou criticarmos, admirarmos ou censurarmos, mas sempre
tendo em mente o alto preço que ele teve que pagar para permanecer
fiel a seus ideias anticonformistas, pan africanos e antirracistas.
Nós o amamos pela exposição que fazia de nossa hipocrisia social;
por seu ousado distanciamento transgressivo da conformidade. Nós o
amamos por sua defesa aos menos favorecidos, por seu comprometimento
sincero com os oprimidos e por seu amor apaixonado pela África."
Fela,
um gênio, mas também um homem imperfeito, deixou grandes legados
não só com a música, mas com a persistência de seu ativismo que
não se rendeu aos sistemas racistas em que conviveu na Nigéria.
"Se
eu quero deixar uma marca no mundo? Não. De jeito nenhum. Sabe o que
eu quero? EU QUERO QUE O MUNDO MUDE. Eu não quero ser lembrado. Eu
quero fazer minha parte e ir embora. Eu tenho que fazer minha parte.
E todo mundo tem que fazer a sua. Não pelo que você vai ser
lembrado, mas pelo que você acredita como ser humano. É pra isso
que todo mundo devia vir ao mundo. Se você quer fazer as coisas por
que quer ser lembrado, você só está fazendo por motivos pessoais.
Faça as coisas simplesmente por que você acredita nelas. Um ser
humano devia ser assim." Fela Kuti
Say
Adinkra
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