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segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

O APOCALIPSE

Texto premiado no Concurso Valdeck Almeida de Jesus 2011, escrito por Clarissa Melo, aos quinze anos.

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Que história mais fedida é essa que o mundo acabará em breve, em um possível apocalipse?! Os humanos são mesmo muito tolos, ou cegos, não se sabe. Tolos e cegos, na verdade. Tolos porque ainda esperam que, após o mundo desabado, tudo melhore, descarregando a responsabilidade de fazer algo a favor ou contra; cegos, por que ainda não viram que o mundo já desabou, e feio! O que temos agora é uma carcaça abandonada, cheia de destroços e chuva miúda, caindo devagar, lavando nosso juízo insano.
          O mundo não chegará ao fim, o fim já chegou ao mundo. Chegou com as primeiras notícias de estupro, roubo, politicagem – que faz referência íntima à segunda palavra, homofobia e intolerância religiosa. O mundo já morrera desde que o primeiro homem – ou primeira moça? Cercou um pedaço de terra e gritou: é meu! Mas esta história é bem narrada por outrem, não por mim. Os tolos que estavam ao redor foram tão tolos que permaneceram calados, mas os piores foram aqueles que, invejando tal ação, cercaram seu próprio lugar e gritaram em uníssono: é meu também!
          A dança do fim chegou quando o primeiro homem empossou-se de riquezas materiais e saiu por aí dizendo ser o mensageiro de Deus na Terra, pedindo dízimos e vendendo pedaços da cruz que nem sequer esteve na terra de Cristo, trocando latifúndios no paraíso por pequenas migalhas dos pobres. Este já era o fim, o apocalipse, ou redemoinho, a vilania ou outro qualquer termo que você queira adotar!
          O mundo jaz nas mãos do mal desde quando nós, de dois em dois anos, elegemos um ladrão para tomar partido e poder. Por que de dois em dois anos nós somos forçados a isso! E essa democracia? Que não te dá direito de decidir ou não se você quer votar ou quer ficar em casa vendo o circo pegar fogo. Eu ficaria em casa, comendo pipoca de microondas e assistindo a novela das sete, por que, afinal, somos alienados pelas novelas das uma, duas , três e o escambal de horas!
          O mundo começou a decair quando as pessoas eram mortas por gostarem de outras do mesmo sexo, ou serem queimadas vivas por não terem vergonha de gritar isso bem alto. O mundo morreu quando mendigos passaram a precisar apontar armas em nossas cabeças para que, só assim, pudéssemos olhá-los e gritar: Meu Deus! Por que acima de tudo, nós gritamos Deus somente quando precisamos de verdade. É irônico por que quando se trata de fim de mundo, devíamos gritar por Deus desde que nascemos, mas deixamos isso apenas para o momento de nossa morte, como forma de rendição de pecados selvagens.
          O mundo está acabado querido, e dessa carcaça sobraram destroços e música para que pudéssemos, ousadamente, dançar em cima, pisotear a dor, embrulhar as lágrimas que supostamente agravariam a situação. Nadaremos por aí, rezando as orações decoradas à força, mutilando o resto dos nossos irmãos e dizendo em voz alta, para enganar os cegos e tolos que sobrarem: O mundo vai acabar. E eles vão acreditar! Pois são cegos e tolos para perceber que, na verdade, o mundo já acabou.

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